Danos provocados maioritariamente pela depressão Martinho, que destelhou casas e escolas, derrubou árvores, postes e danificou vias.
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As seguradoras estimam pagar “cerca de 28 milhões de euros, com tendência para aumentar” na sequência da depressão Martinho, a última das quatro que atingiram o país durante o mês de março e a que provocou mais estragos. A informação é avançada pela Associação Portuguesa de Seguradores (APS), que procedeu ao apuramento dos danos cobertos por contratos de seguro junto das empresas associadas. Também os municípios estão a braços com estragos, nomeadamente em escolas.
O inquérito da APS revelou que foram já participados 14 681 sinistros cobertos por apólices de seguros, a que corresponde um valor agregado de danos (pagos e provisionados) de cerca de 28 milhões de euros. A maioria dos prejuízos (97,9%) diz respeito a seguros de habitações e a seguros de atividades comerciais e industriais.
Segundo a APS, “assiste-se a um crescente interesse do consumidor em obter informação sobre a oferta disponibilizada pelo setor segurador”. No caso dos “seguros multirriscos habitação, a cobertura ‘fenómenos da natureza’ é muito frequente, sendo contratada em cerca de 98% das apólices comercializadas”.
Pessoas desalojadas
Um contacto junto das câmaras permite perceber que também estas estão a braços com prejuízos. Das 60 autarquias que responderam ao JN, há a reportar sobretudo quedas de árvores, estruturas e postes, assim como inundações em vias, mas também há casos de pessoas desalojadas a quem foi necessário dar guarida e escolas afetadas. Quase todas apontam que os custos serão suportados pelo orçamento municipal. Mas também há outras entidades afetadas, como clubes, sendo a situação do Rio Ave, talvez a mais mediática. O vento destruiu a cobertura do seu estádio, em Vila do Conde.
Na Lourinhã, a principal ocorrência foi no Bairro da Eira, em Miragaia, propriedade do município, onde, na sequência de danos provocados pelos ventos fortes em habitações, 13 pessoas ficaram desalojadas (no dia seguinte regressaram).
Na Azambuja, a queda de árvores provocou “dois desalojados”. Na localidade de Albergaria, Porto de Mós, sobressai a “queda de uma chaminé, que rebentou com o telhado” e alagou uma casa, sendo necessário procurar abrigo para a família.
Escolas afetadas
Em Lisboa, a Câmara deu nota de 22 escolas afetadas, sendo a situação mais grave na Básica Nuno Gonçalves (Penha de França) e na Básica e Secundária Luís António Verney (Beato). Por Loures, 32 escolas foram atingidas, tendo quatro encerrado por segurança. Coimbra registou danos na cobertura da EB1 de São Silvestre e no antigo hospital pediátrico, entre outros edifícios municipais.
Almeida teve danos na cobertura do Pavilhão Gimnodesportivo, a queda parcial do beirado de duas escolas, a queda de coberturas de armazéns agrícolas privados e o derrube parcial de uma parede de um armazém privado.
Em Torres Vedras, onde se registaram 303 ocorrências durante a passagem da depressão Martinho, a Avenida 25 de Abril encontra-se encerrada ao trânsito devido ao abatimento de pavimento junto ao cruzamento com a EN374 (acesso a Feliteira).
Nem todas as câmaras conseguem calcular os prejuízos, mas no Cadaval, a estimativa é que os danos (mobiliário urbano, edifícios municipais, arvoredo, sinalização e rede viária) rondem os 300 mil euros.
Na serra de Sintra, a chuva e vento derrubaram cem mil árvores, afetando 280 hectares de paisagem protegida. Pelo Algarve, calcula-se que o mau tempo tenha provocado uma quebra de 30% de produção de citrinos e “estragos” em explorações agropecuárias. Em Soutelo, Águeda, uma estufa de framboesas foi afetada, indica a Câmara.
Em Grândola, onde os prejuízos ascendem aos 50 mil euros, destaca-se o transbordo da ribeira e consequente abertura da Lagoa de Melides ao Mar. Por Vila Nova da Barquinha, nota para a deslocalização do cais, que impossibilitou a visita ao Castelo de Almourol.
Serviços
Disparam pedidos para reparar telhados
A Fixando, uma plataforma online para contratação de serviços, recebeu durante o mês de março 476 pedidos de reparação de telhados, o que corresponde a um crescimento de 74% relativamente a fevereiro e de 33% face ao mês anterior. A maioria dos pedidos foi feito por pessoas dos distritos de Lisboa (28% de pedidos), Setúbal (15%), Santarém, Aveiro e Porto (8%). Em geral, solicitaram a substituição total dos telhados (58% dos pedidos). No entanto, devido à elevada procura, no mês de março, cerca de 30% dos pedidos ficaram sem resposta.
Dados
14 681 sinistros cobertos por apólices, que correspondem a danos de 28 milhões de euros, foram já participados às seguradoras, revelou a APS.