
Joaquim Barreto, deputado do PS na Assembleia da República (eleito por Braga)
Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens
Deputado do PS sentiu forte dor no peito, junto à Assembleia da República. INEM explica atraso de pelo menos meia hora no atendimento com pico de serviço registado àquela hora em Lisboa.
Na passada quarta-feira, no final de mais um dia de trabalho no Parlamento, Joaquim Barreto, deputado socialista, sentiu-se mal junto à Assembleia da República, em Lisboa, e teve de esperar longos minutos pelo socorro. Há quem fale em 40 minutos, o INEM diz que foram 30 e justifica o atraso com "o pico de volume de serviço verificado naquela altura na cidade de Lisboa", que ocupou todas as ambulâncias disponíveis.
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Joaquim Barreto, 68 anos, sentiu uma forte dor no peito e quem o rodeava suspeitou do pior: um ataque de coração. Eram quase oito da noite. Os colegas ligaram de imediato para o 112, responderam às questões dos operadores do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM e ficaram a saber que seria acionada uma ambulância.
O que não imaginavam era que teriam de esperar tanto e de ver o sofrimento de Joaquim Barreto a aumentar. Ao ponto de, nos contactos posteriores, o INEM ter acionado a viatura médica de emergência e reanimação (VMER) do Hospital de S. José, o meio terrestre mais diferenciado, com médico e enfermeiro.
Inflamação no peito
Contactado pelo JN, Joaquim Barreto confirmou o problema de saúde - o diagnóstico foi uma costocondrite (inflamação das cartilagens que ligam as costelas ao esterno e que, pela dor no peito que provoca, pode ser confundida com um enfarte) - mas não quis alongar-se sobre o tempo de espera. "Pode ter demorado um bocadinho, mas não posso precisar porque não olhei para o relógio", referiu.
Contudo, fontes próximas do deputado e do INEM, garantiram que a ambulância levou 40 minutos a chegar.
Em resposta oficial ao JN, o INEM detalhou os passos da ocorrência, que apontam para uma demora de meia hora. "Muito embora não se confirmem os 40 minutos para a chegada da ambulância ao local", o instituto reconhece que "é um tempo superior ao que seria desejável" e realça que "é uma situação que ocorre, felizmente, com pouca frequência".
Missões em simultâneo
Na segunda chamada que recebeu, onze minutos depois da primeira, o operador foi obrigado a informar que ainda não tinha conseguido acionar uma ambulância, "por indisponibilidade momentânea de ambulâncias na cidade de Lisboa".
Ao JN, o INEM explicou que, naquele dia, "tem registo de várias missões" em simultâneo na capital que "exigiram a intervenção do INEM e dos seus parceiros no sistema integrado de emergência médica [bombeiros e Cruz Vermelha]". Ou seja, a redundância do sistema não funcionou.
Na terceira chamada, já 28 minutos depois do primeiro contacto, o CODU percebe que o estado clínico do doente se alterou e age em conformidade. "Em função da informação clínica transmitida e do hiato de tempo decorrido desde a chamada inicial é acionada a VMER do Hospital de S. José", diz o INEM. É nessa altura que chega a ambulância dos bombeiros de Campo de Ourique, que demorou nove minutos após ser acionada.
A equipa médica confirmou que a triagem inicial estava correta e o deputado seguiu de ambulância para o S. José, onde fez eletrocardiograma, raio-x e análises. "Fui muito bem tratado, nada a dizer", concluiu Joaquim Barreto.
Passo a passo
19.57 horas
CODU recebe chamada para utente junto à Assembleia da República. Triagem determina acionamento de ambulância.
20.08 horas
Nova chamada para o CODU. INEM informa que não há ambulância disponível.
20.18 horas
Acionado meio dos Bombeiros de Campo de Ourique.
20.25 horas
Nova chamada para CODU. Informação clínica leva a acionar viatura médica do S. José.
20.27 horas
No decorrer da chamada anterior, a ambulância dos bombeiros chega ao local.
