Descida do preço do leite pago pela indústria deixa vacarias em risco de fechar
A dona dos queijos Limiano e Terra Nostra já anunciou uma descida de 7,8 cêntimos no preço do leite pago à produção. A Penlac vai baixar cinco. Os produtores acusam a indústria de estar a "aproveitar-se" das ajudas anunciadas pelo governo para "esmagar a produção", garantem que vai voltar a haver fecho de vacarias e falta de leite nos supermercados. Exigem a intervenção do governo.
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"As indústrias pretendem aproveitar-se das ajudas anunciadas para voltar a espremer a margem dos produtores. Qualquer descida no preço do leite levará ao abate de animais, abandono da produção e à falta de leite nas prateleiras", afirma, em comunicado, a Aprolep - Associação dos Produtores de Leite de Portugal.
O anúncio da Fromageries Bel Portugal (Limiano e Terra Nostra) e da Penlac surge 24 horas depois da assinatura do "Pacto para a estabilização e redução de preços dos bens alimentares".
A Aprolep lembra que o anunciado apoio aos agricultores, no valor de 140 milhões de euros, "não compensa esta redução de preço".
"Ainda não sabemos como vai ser distribuído, quando vai ser pago e que parte vai caber ao setor do leite, mas podemos estimar que será inferior a 1 cêntimo por litro produzido anualmente", frisa, explicando que os 7,8% representam, para o produtor, uma redução de 15%, numa altura em que as rações continuam "com os preços mais elevados de sempre" (55 cêntimos por quilo).
"Tudo isto ocorre no ano de arranque de uma nova Política Agrícola Comum (PAC), em que o setor do leite sofre uma redução de 37% nos apoios diretos, a maior redução entre os vários setores agrícolas, redução que não é mitigada por novas ajudas", sublinha ainda.
Com estas descidas, a Aprolep antevê abate de animais, fecho de vacarias e, consequentemente, falta de leite e pede mesmo a intervenção do governo.
Os produtores dizem que foram "os que mais sofreram os efeitos da inflação" e consideram "incompreensível" a atitude da indústria, quando governo e distribuição foram unânimes no discurso de que é preciso "apoiar a produção".