Rede social lançou um guia prático sobre Lisboa, construído a partir das experiências partilhadas por quem nela vive ou trabalha. A procura é temática e vai do lazer aos transportes públicos, passando por dicas para empreendedores estrangeiros que queiram instalar-se na cidade e fundar uma startup
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Quando Helena Aguiar, 59 anos, começou a partilhar, na sua página pessoal do Facebook, as histórias menos conhecidas de Lisboa estava longe de imaginar o interesse que as mesmas iriam desencadear no seu grupo de amigos. Mas, com o tempo, o feedback a estes posts foi crescendo, as sugestões multiplicaram-se e a rede cresceu tanto que deu origem à página "Conta-me histórias Lisboa". Este é um dos 25 capítulos do guia sobre a capital acabado de lançar pelo Facebook.
"Não é só a andar na rua que se conhece uma cidade. Há gente, há casas, há símbolos, até buracos no chão que nos revelam mais. Por isso, há que mostrar Lisboa, que é muito mais que uma cidade", diz Helena Aguiar, que, depois de se reformar, decidiu cumprir o sonho antigo de tirar um curso na Faculdade de Belas Artes.
Mas se Helena oferece aos seguidores da sua página aspetos desconhecidos da história da cidade, há no guia quem disponibilize informação mais prática. É o caso do grupo "Startup Portugal", administrado por André Rodrigues Lopes. Ali discute-se o ecossistema de coworks e startups e debate-se o momento criativo da cidade. "Se perguntar a 10 pessoas que andam na faculdade o que desejam fazer no final do curso, a grande maioria vai responder que quer trabalhar em startups, porque é mais "cool"", explica ao JN o empreendedor de 33 anos.
Lisboa é uma das cidades mais adoradas pelo seu povo
Helena e André são dois exemplos práticos de comunidades que existem no seio da cidade e que partilham as suas experiências na rede social. Na prática, para um estrangeiro interessado por história que planeie uma viagem a Lisboa, a página de Helena será uma excelente fonte de pistas para locais a descobrir no terreno. Já um jovem empreendedor pode recorrer ao grupo de André para "não vir às cegas". "Ao entrarem no nosso grupo ficam a saber, por exemplo, onde há espaços disponíveis para se instalarem ou os apoios de que podem dispor", explica o administrador do Startup Portugal.
"Este guia é feito por 25 comunidades, agrupadas pelos seus interesses particulares, que oferecem a sua perspetiva muito própria da cidade", explica Lola Banos, diretora de Comunicação do Facebook para a Península Ibérica, destacando que a capital é uma das cidades "mais adoradas pelo seu próprio povo" e que as suas comunidades "são muito ativas".
E, a par de informação útil, não podia faltar o lazer. E que marca continua a distinguir Lisboa na Europa global dos dias de hoje? O fado. O fado que sempre apaixonou Jean Bernard dos Santos, um lusodescendente, de 33 anos, residente em Paris, onde fundou uma comunidade para divulgar esta arte tão lusitana. Da página nas redes sociais, o projeto acabou mesmo por se transformar numa empresa.
O fado que chama turistas
"Comecei por enviar links sobre fado por SMS e WhatsApp a familiares e amigos que me pediam. Como havia cada vez mais interessados, acabei por fundar a página Maisfado", conta o emigrante, que garante que o fado "é dos produtos nacionais mais atrativos para os franceses" e leva muita gente a interessar-se por Lisboa.
Mas as redes sociais trouxeram também a maior visibilidade das ambições e das reivindicares das comunidades. João Guerreiro, 44 anos, fundou a página "Pela reativação do eléctrico 24", dando início a uma longa batalha, que teve resultados práticos há cerca de uma ano. "Ainda não está tudo conseguido. Falta chegar ao Cais do Sodré, mas, graças à plataforma, conseguimos que a carreira voltasse a estar ativa", descreve, contando que o assunto interessou diversas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. "Os elétricos aparecem nos postais de Lisboa, são parte da cidade", destaca.
No guia, há ainda espaço para as comunidades que escrevem sobre os bairros típicos da cidade - como o "Chiado Lisboa" ou "Marcha de Alfama" - para os apreciadores da gastronomia - "Cozinha Popular da Mouraria" ou "Veggie Friendly Portugal" - para a Cultura - Lisbon Art Memories" ou "Radio AfroLis".
É desta diversidade que vive este guia, num momento muito especial da vida da capital. Lisboa é hoje a segunda cidade da Europa em termos de lugares favoritos para visitar, de acordo com o estudo Global Destination Cities Index, elaborado pela Mastercard, com um crescimento médio de turistas de 10,6% entre 2009 e 2017.
No novo guia, as recomendações são feitas por comunidades locais no Facebook e podem ser lidas, em português e em inglês, no site https://cityguides.fb.com/. O guia está também disponível em versão PDF online.