Fundação da Jornada Mundial da Juventude reúne-se com Câmara de Lisboa na próxima semana para alterar projeto do palco-altar e vai pedir para acompanhar "de fio a pavio" a empreitada para que "não se repitam surpresas de valores". Sá Fernandes, coordenador do grupo de projeto para a JMJ, sugere retirar a pala da estrutura para tornar a obra mais barata.
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O presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, o bispo D. Américo Aguiar admitiu, ontem, que "certamente existe" algum desconforto no Vaticano relativamente ao custo do altar-palco do evento católico. "Todos ficamos magoados quando não se faz o que está certo", frisou, revelando que na próxima semana irá reunir-se com a Câmara de Lisboa para "ver o que se pode eliminar" na estrutura e tornar a obra mais barata. Para o coordenador do grupo de projeto para a JMJ, José Sá Fernandes, uma solução seria retirar a cobertura do equipamento.
Apanhada de surpresa com o custo de 5,4 milhões de euros pelo altar-palco onde o Papa Francisco irá celebrar missa, na primeira semana de agosto, a Fundação JMJ garantiu que vai pedir para acompanhar "de fio a pavio" a empreitada para que "não se repita surpresas de valores". O primeiro encontro entre a Igreja e a Autarquia lisboeta deverá acontecer nos próximos dias para discutir a possibilidade de "corrigir" o que ainda for possível, uma vez que a base do altar-palco já começou a ser construída.
1.ª versão era mais barata
Chegou a existir um primeiro projeto para o palco, estimado em 1,5 milhões de euros, "muito simples, pragmático, pouco ostensivo e alinhado com os ideais do Papa Francisco", apurou o JN. A versão original terá sido abandonada, após mudança de arquitetos, tendo "recomeçado do zero". A segunda versão também terá sido rejeitada porque "a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) quis fazer uma cobertura muito maior". A atual versão do palco, ao contrário das outras, pelo seu tamanho, requer que se façam fundações.
É o redimensionamento da estrutura e as fundações que encarecem o palco em mais dois milhões de euros, diz ao JN Sá Fernandes. O primeiro projeto estava estimado em 1,5 milhões de euros - "valor que poderia aumentar", admite - mas nunca para valores próximos dos agora divulgados. "Desde o princípio sabíamos que o palco era para 2000 pessoas. Uma pala daquela dimensão tem de ter fundações para não voar", esclareceu o coordenador do grupo de projeto para a JMJ, acrescentando que "alertou várias vezes para que o projeto fosse contido". "Eu tirava a pala", sugeriu.
Travar o "passa culpas"
O bispo-auxiliar de Lisboa referiu, ontem, no final de uma visita do presidente da Assembleia da República, Santos Silva, à sede da Fundação, que "não faz sentido alimentar o passa culpas". "A Santa Sé não tem absolutamente nada a ver com nenhum dos palcos nem adjudicações, isso é responsabilidade das entidades organizadoras", referiu. Na véspera, tinha dito que cabia à Igreja apenas entregar uma lista de requisitos para a construção da estrutura.
O JN perguntou à construtora Mota-Engil, à quem foi adjudicada a obra, se está disponível a fazer alterações ao projeto, mas esta não se quis pronunciar.