Medida gera poupança para as populações do Interior. Perda não impediu que a receita com portagens subisse 8,1% para 364 milhões em 2022. Tráfego nas autoestradas a crescer.
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Os descontos de 50% nas taxas de portagem das autoestradas ex-scut já representam uma poupança para os condutores, sobretudo do Interior do país, de 122 milhões de euros desde julho de 2021. O último relatório e contas da Infraestruturas de Portugal (IP) mostra que, só no ano passado, a empresa pública perdeu 85 milhões devido a esta redução. A perda não impediu que a receita com portagens subisse 8,1%, para 364 milhões de euros.
Os descontos nas ex-scut, maioritariamente no Interior do país, entraram em vigor a 1 de julho de 2021. Nesse ano, a perda de receita da IP foi de 37 milhões de euros, em valores com IVA. No ano seguinte, a redução custou 85 milhões. Confirma-se a previsão do Conselho Geral de Supervisão da empresa pública que, há um ano, estimava que o "custo" desta medida iria aumentar muito em 2022. Daí alertar para "a necessidade de, em cumprimento do contrato de concessão estabelecido com o concedente Estado, ser promovido o reequilíbrio do mesmo". Ou seja, entende que a IP deve ser ressarcida.
No entanto, apesar dos descontos, a receita resultante da cobrança de portagens até aumentou no ano passado. Segundo o relatório e contas, representou 364 milhões de euros, o que é um aumento de 8,1% face aos 337 milhões cobrados em 2021 em todas as estradas portajadas daquela empresa. Este crescimento é "justificado, essencialmente, pelo facto do início de 2021 ter sido fortemente influenciado pelos sucessivos estados de emergência nacional, ocorridos durante o primeiro trimestre", refere a IP no relatório.
tráfego supera pré-pandemia
A maior parcela dos rendimentos de portagens resulta da utilização da rede das concessões do Estado, em que a IP é titular da receita proveniente da cobrança de taxas. Assim, as estradas concessionadas representaram 79% do valor total arrecadado com estas taxas.
Porém, a subida deste rendimento ocorreu devido à existência de mais veículos a circular em estradas pagas. A IP constata que houve um "crescimento generalizado na procura de tráfego, face ao período homólogo de 2019, ou seja, à época pré-covid". Face a 2021, este aumento foi de 6%.
O aumento da receita de portagens foi decisivo, para que o resultado positivo da IP fosse de 48 milhões de euros em 2022. São mais 34 milhões do que no ano anterior, num contexto em que a dívida foi reduzida em mais de cem milhões (está em 4016 milhões) e em que o investimento acelerou.
A este nível, foram investidos 466 milhões de euros em ferrovia e em rodovia, o que representa o valor mais alto desde 2010. Quanto à rede de estradas, "apresenta, ainda, algumas lacunas designadamente ao nível de ligações em falta, melhoria de ligações transfronteiriças ou de valorização de áreas empresariais", sublinha a IP no referido documento.
O elevado volume de investimentos deverá continuar nos próximos anos, tendo em conta que a IP é uma das principais beneficiárias intermédias e finais do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do Portugal 2020, que termina este ano. Ambos reservam várias centenas de milhões de euros para obras em estradas transfronteiriças e de ligação a parques tecnológicos.
À LUPA
A5 e A20 mais utilizadas
Os dados do tráfego médio diário do Instituto da Mobilidade e dos Transportes mostram que os troços da A5 (Miraflores-Linda a Velha) e A20 (Paranhos-Ameal, no Porto) foram os que registaram mais trânsito, com cerca de 140 mil carros por dia, em 2022.
Restrições no IC2 até Fátima
O troço do IC2 que atravessa o distrito de Leiria está com a faixa de rodagem do lado direito interditado ao trânsito para garantir maior segurança aos peregrinos que vão a Fátima até 13 de maio.
SABER MAIS
Carros por dia
As autoestradas concessionadas e as vias sob gestão direta da Infraestruturas de Portugal receberam em média, em 2022, 20 168 viaturas por dia. No total, o tráfego nas autoestradas aumentou 6% face a 2021 e superou 2019 (mais de 19 mil viaturas, em média, por dia).
Vítimas mortais
Em 2022, morreram 169 pessoas em acidentes nas vias tuteladas pela Infraestruturas de Portugal. O número representa um aumento, comparando com 2021 (141 mortes) e com 2020 (139).