Covid-19 responde por quase 10% da mortalidade registada no ano passado. Nascimentos em queda e saldo natural negativo agravou-se até novembro
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Sem surpresas, depois de níveis de mortalidade nunca vistos em janeiro, em plena terceira vaga pandémica, 2021 fecha com mais de 125 mil óbitos. É preciso recuar a 1942 para verificar tal grandeza, num ano em que morreram no nosso país 126 531 pessoas. Com a natalidade em contínua queda, aquele nível de mortalidade agravou ainda mais o saldo natural do país, negativo há 13 anos consecutivos. Sendo já o pior desde, pelo menos, 1960.
De acordo com os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, no ano passado morreram 125 032 pessoas, num acréscimo de 1,1% face a 2020 (marcado já pela pandemia e por sobremortalidade) e de 11,3% face a 2019. Daquele total, a covid respondeu por 9,6% (12 004).
Com destaque para o terrível janeiro, com quase 20 mil mortes, cerca de 30% dos quais por covid, o máximo mensal até agora registado. De março em diante, "com exceção do mês de agosto, o número total de óbitos continuou a decrescer comparativamente com os valores registados nos meses homólogos de 2020".
Uma descida que compara com um ano (2020) de mortalidade já elevada. Em 28,5% dos 365 dias de 2021, Portugal registou óbitos em excesso face à média de anos anteriores. Mesmo assim, a sobremortalidade em 2020 foi pior, com 44% dos dias daquele ano a registarem excesso. Neste ano, e de acordo com os dados de ontem do eVM, desde dia 4 que a mortalidade está dentro do esperado.
Menos nascimentos
Em sentido inverso, e também sem surpresas, segue a natalidade. Até novembro passado, e em termos acumulados, tinham nascido 72 416 bebés, o que representa uma quebra de 8% face a 2020 e de 10% face a 2019. Fazendo prever que Portugal feche o ano abaixo dos 80 mil nascimentos, o que seria o valor mais baixo, pelo menos, dos últimos 60 anos.
Saldo natural agrava-se
Pondo os dados na balança, o saldo natural - diferença entre o número de nados-vivos e óbitos - volta a afundar-se. Até novembro do ano passado, o INE regista um saldo natural negativo de menos 41 142, que compara com menos 32 229 em 2020.
Analisando as séries do INE, com início em 1960, os primeiros onze meses do ano passado respondem já pelo pior saldo natural desde aquela data. Resta saber que impacto terão as migrações no saldo total, que em 2020 fechou positivo, mas por pouco (mais 2,3 mil).