Relatório ao acidente desmente que dois tripulantes morreram por tentarem salvar o piloto. Asa quebrou com impacto após saída da pista.
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A morte dos três militares da Força Aérea no Montijo, na segunda-feira, terá ocorrido devido a uma saída de pista do C130, com consequente rutura do depósito de combustível e projeção de gasolina, que provocou o fogo e a explosão, apurou o JN junto de fontes militares.
O avião estava a operar em exercícios de "toca e anda", com simulação de aterragem e descolagem e consequentes abortagens. Numa situação normal, a aeronave descolaria para voltar a simular a aterragem, mas por razões ainda desconhecidas o C130, ainda com o trem de aterragem no chão, guinou para um dos lados da pista e depois para o outro, saindo para terra batida.
A saída foi tão violenta que a asa direita do avião partiu, abrindo uma rutura no depósito de combustível, o que fez sair em segundos centenas de litros de combustível, que caíram sobre o avião, provocando o incêndio e explosão. O porquê da saída de pista está sob investigação pela comissão nomeada para o inquérito ao acidente e tanto pode ter havido uma razão mecânica como humana.
A possibilidade de ter havido uma avaria no motor foi desmentida pela Força Aérea, em comunicado, citando já as "conclusões preliminares" da investigação ao acidente. A FAP aponta o "caráter especulativo, na medida em que, da investigação em curso, não resultou ainda qualquer conclusão neste âmbito", ou seja, avaria.
Quanto à história que tem corrido de que dois tripulantes morreram por tentarem salvar o tenente-coronel Castro também é desmentida no comunicado: "Os quatro militares que conseguiram sair da aeronave após a sua imobilização fizeram-no pelos seus próprios meios, não tendo, em qualquer momento, regressado ao avião".
As conclusões preliminares vêm assim confirmar o noticiado pelo JN que, desde o início, tem apontado para a tese de que o salvamento não tinha indícios que pudessem concluir pela sua veracidade.
Marcas na pista
Um dos elementos a avaliar serão marcas que terão sido encontradas na pista e que poderão indiciar a manobra brusca a que o avião terá sido sujeito e cuja causa não é conhecida.
Feridos recuperam
Os três feridos ligeiros já tiveram alta hospitalar, mas mantêm-se sob observação. Dois já puderam prestar declarações sobre o acidente, daí a divulgação de algumas conclusões sobre o relatório preliminar. O ferido grave mantém-se internado e com prognóstico reservado.
Não houve alerta
A torre de controlo não recebeu qualquer alerta por parte da tripulação sobre uma eventual avaria ou acidente. No entanto, o C130 dispõe de um botão no cockpit que, acionado, permite ativar a emergência. A torre de controlo, por sua vez, dispõe de um sistema similar que ativa os bombeiros da base (OPSAS), o que terá vindo a suceder.