Autoridade nacional de saúde recusa agravamento da mortalidade e justifica dados com mudança na classificação das causas de morte
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A Direção-Geral da Saúde (DGS) esclareceu, na tarde desta quarta-feira, que o aumento da mortalidade devido a fontes de água insalubre ou a condições de saneamento e higiene deficientes ou inexistentes resulta de uma mudança na classificação internacional das causas de morte e não de um agravamento real. Reagindo, assim, à notícia do JN que dava conta de um número recorde de óbitos, contabilizando-se 518 em 2023, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística.
Na mesma notícia, o JN informa que aquele aumento alavancou a taxa de mortalidade para 4,9 óbitos para 100 mil habitantes. Ouvindo ainda especialistas que avançavam como possíveis explicações para aquele aumento melhorias na codificação, uso de poços ou fontanários e águas interiores ou costeiras com bactérias. O JN pediu, por escrito, um comentário à DGS a 12 junho sobre a evolução desta taxa de mortalidade, mas não obteve qualquer resposta.
Já nesta quarta-feira, a direção-geral liderada por Rita Sá Machado enviou uma nota à Agência Lusa explicando que, “apesar de se ter verificado uma alteração nos valores apresentados relativos à mortalidade atribuída a água insalubre, saneamento deficiente e falta de higiene, esta variação resulta de uma mudança técnica na forma como as causas de morte passaram a ser classificadas a partir de 2018, e não de um aumento real de mortes por estas causas”.
Segundo a autoridade de saúde, “esta mudança criou uma ‘quebra de série’ nas estatísticas, ou seja, os números antes e depois de 2018 não são diretamente comparáveis”. Informação que não consta na informação do INE, que dá nota de dados retificados de 2017 a 2023, mas não de quebra de série.
Concluindo a DGS que, quando corrigido "esse efeito estatístico, os dados mostram que, desde 2015, o número de mortes atribuídas a condições de água e saneamento inseguras tem vindo a diminuir de forma consistente”. Não revelando, no entanto, o número de óbitos.