Todos os dias, as impressões de Ana Martins e Paulo Pinto Mascarenhas sobre o dia-a-dia da campanha para as legislativas.
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Tal como no passeio final em "Os Maias", no dia 4 Portugal tem à sua frente diferentes versões do país. O Portugal heroico e perdido, de nacionalismo bacoco face ao "protetorado da troika" vociferado pelo dr. Portas - o Dâmaso Salcede, símbolo de um país estagnado. O Portugal de Passos Coelho, o Conde de Gouvarinho, perito em lapsos de memória - mas pródigo em incompetência política. A visão é de um Portugal dos pequeninos, onde quem trabalha tem de agradecer não estar sem emprego, quem está desempregado é um sorvedouro de dinheiro público e quem está reformado é um peso. "Falhámos a vida, menino", concluía-se em "Os Maias". Dia 4 talvez seja conveniente não falhar o país.
Ana Martins, docente e investigadora em psicologia
A campanha eleitoral chega hoje ao fim para alívio de muitos portugueses. Os mais aliviados serão os socialistas sensatos, todos aqueles que não se identificaram com a deriva radical de António Costa, sempre saltitante de promessa em promessa. Como seria de esperar, os eleitores preferem o produto genuíno - e por isso se assiste nas sondagens ao crescimento da CDU e do BE. Já se percebeu que o dia 4 de outubro vai terminar numa noite das facas longas no Largo do Rato. O mais importante é, porém, o dia seguinte. A escolha é sua: ou vota numa maioria absoluta da coligação, ou corre o risco de o país entrar numa espécie de tragédia grega, com arranjos contranatura entre o PS e os inimigos à esquerda.
Paulo Pinto Mascarenhas, consultor de comunicação