Todos os dias, as impressões de Ana Martins e Paulo Pinto Mascarenhas sobre o dia-a-dia da campanha para as legislativas.
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Talvez Paulo Portas saiba o que diz quando desconfia das sondagens, já que foi diretor de um centro de sondagens. Ao descrédito que lhes atribui não será estranho ser líder do CDS, que consistentemente tem baixos resultados.
O que se compreende: quem não se sentiria constrangido a dizer perante um estranho que vota CDS? O recente fascínio com as tracking polls é só mais um episódio neste mundo dos estudos de opinião. O interesse seria acompanhar um processo de mudança de voto no mesmo grupo, mas a forma como é feito inviabiliza que sejam as mesmas pessoas a responder. Então a quem beneficia servir doses diárias de extrapolações erradas, amostras pequenas, taxas de resposta pouco robustas, em inquéritos para rede fixa? É fazer as contas...
Ana Martins, docente e investigadora em Psicologia
Percebe-se que as tracking polls - e as sondagens, em geral - não estejam a ajudar António Costa a seguir uma estratégia coerente na campanha eleitoral. O PS vai atrás da espuma dos dias, como aconteceu na quarta-feira, quando embandeirou em arco com os dados do INE sobre o défice de 2014, para ouvir ontem a Comissão Europeia a desvalorizar o impacto do Novo Banco nas contas públicas de 2015.
Pior ainda, para quem pretende ser candidato a primeiro-ministro, não estamos a falar da CDU ou do BE, António Costa tem caído no radicalismo do discurso populista, a roçar o justicialismo. O desespero é mau conselheiro.
Paulo Pinto Mascarenhas, consultor de Comunicação