Todos os dias, as impressões de Ana Martins e Paulo Pinto Mascarenhas sobre o dia-a-dia da campanha para as legislativas.
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Passos Coelho, ontem, afirmou ter pena que, "ao fim de 41 anos de democracia em Portugal, haja quem ainda não tenha aprendido a lição democrática e considere que a campanha eleitoral não é momento para unir os portugueses, mas para os dividir". Supostamente, era uma forma de responder aos lesados do BES. Ainda bem que Passos e Portas fazem arruadas de pequenas distâncias e em locais controlados, apenas acessíveis aos jotas portadores de bandeiras. Caso contrário, ainda podia haver alguém a perguntar ao PM e a Portas se não foi este mesmo o Governo que, ao longo de quatro anos, atirou trabalhadores do setor público contra os do privado, reformados contra jovens, desempregados de longa duração contra os de curta duração.
Ana Martins, docente e investigadora em Psicologia
O último episódio dos dias de desespero do PS com a frouxa campanha e as sondagens negativas teve lugar com António Costa a dizer-se aberto a consensos, mas apenas se vencer as eleições. Ou seja, se o PS ganhar, estará disposto a arranjos com CDU e BE - ou até PSD e CDS. Porém, se perder, ameaça não aprovar o próximo Orçamento, sem sequer o conhecer, colocando em causa a estabilidade governativa do país. Há mesmo quem, entre os comentadores alinhados, já preveja cenários de uma vitória da coligação sem maioria absoluta que possa conduzir a um governo minoritário do PS com apoios à esquerda. A arrogância tem limites e a chantagem antidemocrática pode e deve ser castigada a 4 de outubro.
Paulo Pinto Mascarenhas, consultor de comunicação