O bispo do Porto defende, para a diocese, uma nova evangelização "com novo ardor, novos métodos e novas expressões".
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D. Manuel Clemente apela à co-responsabilidade para a nova evangelização, tida como "urgência pastoral", "necessidade teológica" e "conveniência eclesial"
Na missa crismal de Quinta-Feira Santa, concelebrada pela quase totalidade dos padres da diocese do Porto, D. Manuel Clemente adiantou três alíneas do programa da "Missão 2010": "urgência pastoral", "necessidade teológica" e "conveniência eclesial".
A missão diocesana não será obra apenas do clero, mas de todo o povo de Deus, tendo o bispo sublinhado a importância dos pais e mães, avós e outros parentes, que "preenchem o respectivo ambiente familiar com valores evangélicos"; profissionais que "promovem, nos vários meios de trabalho, a dignidade de quantos os integram"; associações de fiéis que "persistem, abnegada e criativamente, no serviço a Deus e ao próximo"; milhares de fiéis que "colaboram habitualmente na catequese, na liturgia e na acção caritativa das suas comunidades"; consagrados/as que "continuam a ser esplêndidos sinais e convites para a radicalidade dos conselhos evangélicos"; e ministros ordenados, seculares e religiosos, que "servem o Povo de Deus na diocese do Porto".
A diocese portucalense contava, no último recenseamento, cerca de 20% de católicos que cumpriam a prática dominical, mas, agora, serão menos. Já não se dá a coincidência da religiosidade popular com a proposta tanto confessional como cívica. Hoje, disse o bispo do Porto, "prevalece a preferência individual e até a desconfiança em relação ao que seja herança cultural, institucionalmente sustentada", havendo dificuldade em "compatibilizar a religiosidade espontânea, por vezes reduzida à subjectividade e pouco ou nada catequizada, com a proposta católica propriamente dita e as exigências que coloca em termos de fé e inclusão comunitária".
A diocese tem de retomar a verdade cristã original "com novo ardor, novos métodos e novas expressões". O que implica "paciente pedagogia e lucidez criativa". Tudo isso com um povo "em conversão colectiva" e com alguns que sejam como "fermento na massa". Clero e laicado atentos "a tudo quanto vai surgindo e crescendo, em termos de movimentos e grupos, em termos de trabalho interparoquial e vicarial, em termos de ligação próxima ou longínqua pela comunicação social e os seus novos instrumentos mediáticos, em termos de entreajuda de seculares e religiosos, de missionários 'ad gentes' ou de nova evangelização local…". A diocese do Porto é terra de missão actualizada.
Co-responsabilidade exige a participação de todos
O bispo do Porto entende que, "nas circunstâncias actuais, em que somos poucos padres e diáconos, temos de reforçar a co-responsabilidade dos fiéis, para todos juntos garantirmos a atitude acolhedora e conversora, local a local". O plano prevê que "todas as comunidades da diocese do Porto (paróquias, institutos religiosos e seculares, movimentos e associações) se projectem quanto possam no anúncio evangélico aos diferentes meios, territoriais e outros, com criatividade e entusiasmo acrescidos".