A direção clínica decidiu, esta sexta-feira, que vai assegurar o funcionamento da atividade de obstetrícia e ginecologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. A decisão surge depois de alguns chefes e subchefes da urgência daquele serviço terem apresentado uma carta de demissão.
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Depois de alguns chefes e subchefes do serviço de urgência de obstetrícia terem apresentado a demissão, numa carta enviada esta sexta-feira de manhã à administração, a direção clínica realizou "uma reunião extraordinária" durante a tarde.
Pelo menos cinco chefes apresentaram a demissão, confirmou o Centro Hospitalar Lisboa Norte, do qual faz parte o Santa Maria, em comunicado.
A unidade informa agora que a direção clínica, composta por onze clínicos, vai assumir as "competências" da atividade do serviço de obstetrícia, onde se inclui a urgência. Não deve, por isso, "haver qualquer receio por parte da população em relação a este serviço diferenciado", lê-se na nota enviada às redações.
O pedido de demissão acontece depois de Diogo Ayres de Campos, até então diretor de obstetrícia e ginecologia, ter sido exonerado de funções, na segunda-feira. Na carta enviada à administração, esta sexta-feira de manhã, os clínicos recusam fazer horas extra e dizem ter sido ameaçados pela administração.
Entregam escusas
Mais de 30 clínicos, entre os quais Ayres de Campos, manifestaram-se preocupados com o anunciado encerramento do serviço no Santa Maria por causa da realização de obras e a deslocação para o São Francisco Xavier, numa primeira carta enviada à administração do centro hospitalar.
Depois, quando Diogo Ayres de Campos e a diretora de obstetrícia, Luísa Pinto, foram exonerados, outra carta foi entregue pelos clínicos a apoiar os superiores. Começaram também a ser enviados pedidos de escusa para não fazer horas extra.
A presidente da Federação Nacional dos Médicos adiantou à Lusa que a administração reuniu com os médicos e ameaçou-os com o cancelamento de férias e a devolução do valor das horas extraordinárias já feitas.
A administração justificou a exoneração com as posturas reiteradas dos dois clínicos em colocar “em causa o projeto de obra e o processo colaborativo com o Hospital São Francisco Xavier, durante as obras da nova maternidade do Hospital Santa Maria”.