Exames da segunda fase do Secundário vão atrasar início do ano letivo. Escolas aguardam orientações da tutela para planear eventuais alternativas.
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O adiamento da segunda fase de exames do Secundário para setembro (de 1 a 7) - habitualmente são em julho - deverá ditar o arranque do próximo ano letivo para a segunda quinzena de setembro. Essa é a previsão dos diretores escolares, bem como dos pais e encarregados de educação.
"Não sei se as aulas poderão começar na primeira quinzena de setembro", revela ao JN Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), acrescentando que o calendário escolar de 2020/2021 "vai ter que refletir os constrangimentos" que se estão a viver devido à covid-19. Não põe de parte a possibilidade dos anos entre o pré-escolar ao segundo ciclo as aulas conseguirem começar mais cedo. Mas caberá à tutela definir as datas.
Manuel Pereira, líder da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), explica que há professores do secundário que também dão aulas no básico e lembra que, devido a essa articulação, o arranque do ano letivo tem sido igual para todo os ciclos de escolaridade. "Até porque este ano letivo vai terminar mais tarde do que estava previsto. Depende da pandemia e das decisões polícias que forem tomadas até setembro", diz.
Na sala ou à distância?
O arranque tardio não surpreende a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap). "Depois dos exames é preciso todo um processo logístico. Não é desejável, mas é natural que este ano possa atrasar mais uma semana ou duas", considera o presidente Jorge Ascensão. "Provavelmente só no verão teremos informação mais concreta sobre o ensino presencial que iremos ter".
A forma como o novo ano letivo se irá processar - se terá aulas presenciais e/ou a distância - só deverá ser conhecida em julho, quando o Ministério da Educação emitir o despacho de Organização do Ano Letivo.
"Não me admira que seja previsto um modelo híbrido" para a possibilidade de se regressar ao confinamento, antecipa Filinto Lima, sublinhando, no entanto, que esta opção não é a mais adequada. "Esse documento deverá também esclarecer sobre o número de alunos por turma e por sala, que é outra grande interrogação". O diretor considera ser prematuro estar a adiantar hipóteses de funcionamento sem se conhecer a intenção da tutela. "Não vamos falar com os pais sobre cenários" assegura Manuel Pereira, acrescentando que faltam quatro meses, pelo que é desnecessário "preocupar quem quer que seja". "É preciso ver como é que esta situação irá evoluir. Dificilmente se irá voltar ao que era antigamente. Alguma coisa há de ter que se fazer para que a escola possa funcionar", revela Jorge Ascenção.
À margem
Regresso positivo
Após uma semana de regresso às aulas dos alunos mais velhos, pais e professores fazem um balanço positivo. A afluência foi de 90% e as regras têm sido cumpridas, asseguram. Os dirigentes valorizam o comportamento dos alunos que respeitaram a nova forma de estar nas aulas.
Tecnologia atualizada
O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, adiantou na semana passada que, apesar da intenção inicial ser a entrega de equipamentos aos alunos, o objetivo atual é dotar as escolas de recursos. Filinto Lima diz ser urgente atualizar as ferramentas digitais das escolas, para que não se perca o conhecimento entretanto adquirido por alunos e docentes.