Mais apoios, tutorias, professores, psicólogos e terapeutas são estratégia defendida para escolas recuperarem aprendizagens dos alunos.
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Nem escolas de verão, nem mais tempo de aulas. Os diretores pedem mais professores, psicólogos e terapeutas para as escolas e o emagrecimento dos programas "obesos" para conseguirem recuperar as aprendizagens dos alunos. Esta segunda-feira arranca o 3.º período, cerca de 530 mil alunos do 2.º e 3.º ciclos regressam às escolas, cumprindo a segunda fase de desconfinamento. Milhares de professores vão ter de se desdobrar entre aulas presenciais e online, pois o Secundário (tal como o Superior) só volta a 19.
As escolas, asseguram os presidentes das duas associações de diretores e do Conselho das Escolas (CE), não vão esperar pelo plano de recuperação das aprendizagens, a apresentar em maio e para ser aplicado a partir do próximo ano letivo até 2023. "Não duvido que as escolas aplicarão medidas de recuperação mal se retomem as aulas presenciais", afirma José Eduardo Lemos (CE). Mais apoios individualizados ou em pequenos grupos, tutorias e coadjuvações, consoante os recursos disponíveis, asseguram.
"Todos sem exceção foram prejudicados. Se as provas [de diagnóstico] fossem hoje, os resultados ainda seriam priores", admite Filinto Lima, presidente da Associação de Diretores (ANDAEP), referindo-se ao relatório do Instituto de Avaliação Educativa, divulgado na semana passada, que revelou que mais de metade dos alunos do 6.º e 9.º, que fizeram provas em janeiro, não atingiram os conhecimentos. O Governo criou um grupo de trabalho e prepara um plano de recuperação das aprendizagens.
RECUPERAR FAMÍLIAS
"Espero que não aumentem nem os dias nem as horas de aulas. Deve-se apostar na qualidade, num ensino mais personalizado possível, e não na quantidade", defende Filinto Lima, apontando como "prioritário" o reforço de professores e de técnicos, como psicólogos. Além disso, é fundamental "emagrecer os currículos obesos".
"Como se pode recuperar o que está para trás e continuar a dar o que se devia? Não é possível. Se já era absolutamente necessário reduzir programas, agora é uma obrigação", sublinha Manuel Pereira, que pede mais recursos, incluindo para se recuperar as famílias, pois o ensino à distância também confirmou a falta de condições e de apoio que muitos alunos têm, insiste o presidente da Associação de Dirigentes Escolares (ANDE).
O presidente da Confederação de Pais também discorda de mais tempo de aulas ou escolas de verão. "Admito que se pudesse antes começar mais cedo mas as escolas precisam de tempo para se organizar", refere Jorge Ascenção, considerando que o plano terá de apostar no combate ao abandono, em recuperar não só as aprendizagens mas a autoestima e o gosto em aprender dos alunos".
José Eduardo Lemos não defende a revisão dos programas. As aprendizagens essenciais devem ser priorizadas mas pelos "professores perante os alunos concretos que têm pela frente". Os diretores rejeitam um plano uniformizado para todas as escolas. Pedem autonomia para respostas personalizadas.