Sem partitura, com os braços estendidos na harpa enorme para o corpo franzino de 16 anos, Rita Silva vai tecendo a melodia nas 47 cordas do instrumento, as mãos a entenderem-se em movimentos desencontrados, numa articulação motora ainda combinada com os pés, que operam os sete pedais do cordofone.
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A concentração é máxima, e esse é um dos fatores que potenciam os bons resultados da aluna. E do Conservatório de Música do Porto, que, a melhor escola pública do concelho e do distrito no ranking JN. A música exige "disciplina e um estudo muito persistente, contínuo, progressivo e metódico. Não é nada que se possa estudar numa noitada", nota o diretor, António Moreira Jorge, notando que este é um trabalho "quase equiparado ao de um atleta de alta competição".
"Estes alunos têm um duplo desafio: além de responderem às dificuldades que as disciplinas [habituais] colocam, têm a parte performativa e prática do instrumento, que é determinante e representa muitas horas de trabalho", realça o professor, que fala num "contágio da área da música que passa para a outra formação", na qual os estudantes acabam por colocar o mesmo empenho.
"O perfil médio dos alunos é bom. São estudiosos, dedicados e muito auto motivados. E vêm a escola e a evolução dentro do sistema escolar como algo de positivo", aplaude Isabel Taborda, docente de Filosofia, lembrando que os estudantes do ensino integrado fazem exames nacionais como autopropostos, não dependendo da obtenção de boa nota para ingresso no Superior. Ainda assim, aplicam-se. "É importante. Se quisermos ir [estudar] para fora, temos de ter todas as aptidões. Não dá para ser só música", diz Rita, que está no 11.º ano e quer prosseguir estudos em harpa.
O diretor orgulha-se de ver os alunos serem "admitidos nas melhores escolas europeias" e diz que "o trabalho conjunto, o apoio da família e a entrega e dedicação dos professores são os ingredientes necessários para o sucesso". "Trabalhamos com todo o rigor, empenho e entusiasmo para conseguir alcançar os melhores resultados possíveis", acrescenta a subdiretora e professora de harpa, Áurea Guerner. v
Foi a média atingida pelos alunos do Conservatório nos exames considerados pelo JN. Está na 33ª posição e é a segunda escola pública a nível nacional.
É a média do exame de Português, disciplina em que o Conservatório alcançou o primeiro lugar entre as públicas, com apenas seis privadas à sua frente.