Era a última noite em que podiam estar abertos, antes da paragem forçada decidida pelo Governo. Mas a verdade é que na noite lisboeta de 23 para 24 de dezembro, muitos bares e discotecas estiveram a meio-gás ou nem sequer abriram, antevendo a falta de público.
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O Urban Beach, na zona de Santos, não abriu portas naquela que seria a última noite de diversão em Lisboa, o Lust In Rio funcionou a meio gás. Na noite passada, maioria dos estabelecimentos terminou mais cedo a atividade deste ano e nas ruas havia muito menos movimento do que o habitual.
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Depois de o Governo ter antecipado as medidas de restrição, entre elas o fecho de bares e discotecas, o último dia da noite lisboeta teve um sabor agridoce. Alguns estabelecimentos anteciparam o fecho, encerrando mais cedo a atividade deste ano, e o número de jovens que procuraram a diversão noturna diminuiu de forma considerável.
O Urban Beach estava de luzes apagadas e outras discotecas da zona fecharam mais cedo, enquanto o Lust In Rio e alguns bares aproveitaram os sobreviventes da última noite.
Além dos bares, animação e copos de bebida, a paisagem noturna é agora composta por postos de testagem móveis que atraem os jovens que procuram o seu "passe" para entrar dentro dos estabelecimentos noturnos. Em frente das tendas, formavam-se pequenas filas dos que aguardavam ser testados; atrás das tendas, o brilho no rosto daqueles que aguardavam receber no telemóvel a notificação com o resultado do teste. Em frente da discoteca Lust in Rio, realizar um teste de última hora custa oito euros e meio.
Jovens divididos e falta de apoios
Vasco Moreira aguarda na fila para fazer o teste. Não deixou de procurar a diversão noturna mesmo na madrugada da véspera de Natal. O jovem de 17 anos confessa: "tenho medo de levar o vírus para casa, mas quero-me divertir", dizia ao JN, admitindo que, apesar de ser contra o seu desejo pessoal, o fecho das discotecas é bom para a situação acalmar "uma beca".
Antes do fecho dos estabelecimentos, o jovem que vive da linha de Sintra tem aproveitado para queimar os últimos cartuchos da vida noturna. Afirma que a fiscalização tem sido cumprida: pedem "teste e certificado de vacina para entrar", disse.
As medidas de restrição dividem os jovens. Lucas Ganança, 20 anos, não concorda com o fecho de bares e discotecas. Se não houvesse vacina, concorda que faria sentido fechar estabelecimentos, mas com a vacinação defende que não haveria necessidade de parar. "A questão de já haver vacina muda a situação", disse. O irmão, que tem saído à noite de forma mais assídua, também não concorda com o fecho antecipado de bares e discotecas, e confirma a fiscalização à entrada dos mesmos. "Todas as que eu fui me pediram", disse João Pedro Ganança, brasileiro de 20 anos que veio para Portugal estudar no ano passado. "Controlo é igual a medo", atirou.
Empurrados para outras festas
Entre os jovens, as medidas são recebidas de forma diferente. Na maioria dos casos, o sabor é agridoce, entre a diversão e a necessidade de controlar a pandemia. Para André Azevedo, acompanhado por amigos em frente ao Lust In Rio, as medidas fazem sentido, embora encaminhem os jovens para outro tipo de convívios realizados em espaços fechados - estas, sem nenhum tipo de controlo.
Além dos jovens, o setor também nota a paragem e a quebra nas receitas. José Neves, segurança do "Bar do Cais", na conhecida rua cor de rosa, no Cais do Sodré, diz que "o pessoal tem cada vez mais vontade de sair". Embora admita que as medidas são necessárias, José Neves diz que isto "dá cabo da economia". Faltam apoios para ajudar os estabelecimentos a enfrentar este período, reclamou.