Maioria das metas do acordo com indústria alimentar foram cumpridas. DGS quer avançar para queijos e charcutaria.
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Entre 2018 e 2023, a população terá ingerido menos 18 toneladas de sal e menos 7400 toneladas de açúcar. Sem dietas, nem alteração de hábitos alimentares. A estimativa é do relatório final de avaliação da reformulação dos produtos alimentares em Portugal assinado com a indústria alimentar e o retalho com o propósito de promover a saúde e prevenir doenças crónicas associadas à alimentação. Fazendo um balanço positivo do trabalho realizado, a Direção-Geral da Saúde (DGS) quer traçar novas metas de redução de sal e de açúcar e definir novas categorias de alimentos a reformular, como os queijos e a charcutaria.
O relatório, que será apresentado esta terça-feira, aponta para uma redução global de 15% do teor de sal e de 21% do teor de açúcar nos produtos reformulados, entre os quais batatas fritas e snacks, pizzas, refrigerantes, cereais de pequeno-almoço, iogurtes, refeições prontas a consumir.
Maior corte nos cereais
Das 11 categorias de alimentos analisadas, “oito ultrapassaram as metas definidas nos protocolos de reformulação nutricional”, diz o documento. Relativamente ao sal, registaram-se reduções de 17,3%, 27,9% e 19,5% do teor de sal, respetivamente, para as “batatas fritas e outros snacks salgados”, os “cereais de pequeno-almoço” e as “pizzas”, tendo todas as categorias atingido as metas de redução do teor de sal definidas para o ano de 2022.
Através de um acordo específico com o retalho alimentar, foi também firmada a redução do teor de sal no pão, nas sopas e refeições pré-embaladas prontas a consumir. No caso do pão de fabrico próprio, 99% da amostra cumpre a meta, verificando-se um teor médio de sal no pão de 0,86 g/100 g no ano de 2021. Maiores problemas foram registados nas sopas pré-embaladas prontas a consumir e nalgumas refeições refrigeradas e congeladas prontas a usar. Estes alimentos apresentaram um teor médio de sal “ligeiramente superior à meta definida para 2023”, sendo que a maioria das sopas (68,5%) ultrapassou os limites. Ainda assim, nota a DGS, os resultados estão abaixo do valor de referência da Organização Mundial da Saúde.
Entre as refeições prontas a consumir, as congeladas parecem ter mais sal. Nesta categoria, o “bacalhau à brás” e o “arroz de pato” apresentaram um maior número de produtos com teor de sal superior à meta (60% e 43%, respetivamente).
No açúcar, o maior corte foi nos refrigerantes. Nesta categoria – onde estão também os leites achocolatados, iogurtes e queijos com sabor, leites fermentados, cereais de pequeno-almoço e néctares -, todos cumpriram as metas para 2022, com exceção dos néctares. Para estes sumos de fruta, a meta de redução de açúcar era 7%, mas o resultado não foi além dos 3%.
A diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde (DGS) quer dar continuidade ao acordo e aprofundá-lo. Para Maria João Gregório, o caminho passa por traçar novas metas e criar novas categorias de alimentos. “Gostaríamos de incluir num possível futuro acordo os queijos e a charcutaria”, revelou, notando que a discussão com os parceiros ainda não foi iniciada.
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Fator de risco
Segundo o Global Burden of Disease 2021, em Portugal os hábitos alimentares inadequados foram o quinto fator de risco com mais impacto na perda de anos de vida saudável e na mortalidade, contribuindo para 5,8% dos anos de vida perdidos por incapacidade e para 8,3% da mortalidade, diz o relatório da DGS.
Parceiros
O acordo de reformulação dos alimentos foi assinado pela DGS, Instituto Doutor Ricardo Jorge, Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, Federação da Indústrias Portuguesas Agroalimentares e NielsenIQ.