A doação de medicamentos, que estão próximos do fim de validade, à sociedade é uma das medidas que poderia ajudar as pessoas mais vulneráveis, defendeu, esta quarta-feira, Bárbara Aguiar, representante da Direção Geral de Saúde (DGS) no 15º Fórum de Combate à Pobreza e Exclusão Social.
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A segunda parte do fórum, organizado pela Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN), promoveu uma discussão com especialista de várias áreas sociais, como a educação, saúde e habitação, sobre as medidas que podem ajudar a combater a exclusão social.
Com a subida do custo de vida há quem deixe de comprar os medicamentos, mesmo sendo comparticipados pelo Estado, porque muitas das vezes os rendimentos não chegam para fazer face a todas as despesas. “Por mais que sejam comparticipados ainda continua a ser deficitário. As pessoas não têm o valor para conseguir controlar a sua doença crónica, o que depois vai ter impacto no emprego. Acabam por entrar num estilo de vida de sobrevivência e não de qualidade de vida”, afirmou Bárbara Aguiar, representante da DGS.
Uma das estratégias apresentadas pela médica de saúde pública passa por doar os medicamentos, que estão perto do fim de validade, aos mais pobres e dessa forma, evitar o desperdício. “Nós temos muitas vezes medicamentos que estão a passar de validade e não há a possibilidade de doar. Não há uma política para que se possa fazer isso”, afirmou Bárbara Aguiar. A atualmente coordenadora da Estratégia Nacional do Medicamento garante que é “uma excelente oportunidade para se mudar essa estratégia”.
Bárbara Aguiar sublinhou, ainda, que “Portugal tem um Serviço Nacional de Saúde, que apesar de não estar a dar a melhor resposta possível, continua a ser invejável noutros países”, uma vez que não cria barreiras aos migrantes e entre classes sociais.
Resposta individualizada
Apostar numa resposta individualizada e ouvir as pessoas em situação de pobreza são dois aspetos salientados pela coordenadora da EAPN. “Tem de haver um acompanhamento de proximidade que tenha presente a especificidade de cada um. A intervenção não pode ser generalizada, tem de ser individualizada, à medida e assente nos princípios da humanidade, da dignidade, da solidariedade”, sublinhou Maria José Vicente.
A coordenadora da EAPN considera que é fundamental, para o Plano de Ação da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza funcionar, que “todos assumam o combate à pobreza como um designio nacional, que seja um compromisso forte por parte de todos os atores, inclusive das pessoas que estão numa situação de pobreza e exclusão social e que sejam um parceiro ativo e não apenas atores passivos e beneficiários das intervenções”.
Além disso, acrescenta que é importante que haja “uma distribuição mais justa da riqueza e dos rendimentos” e, que se reforce o sistema de proteção social. “A pobreza mata sonhos, mata as potencialidades, mata as capacidades das pessoas e, sobretudo, tem um impacto muito forte no bem-estar emocional, psicológico e físico das pessoas, por isso é que está interligado e é necessário realmente apostar no desenvolvimento integral do ser humano”, alerta Maria José Vicente.

