Hospital de S. João diagnosticou quase o dobro dos doentes em 2023 face aos anos anteriores. Fatores ambientais apontados como causa possível.
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Há cada vez mais novos casos de doença inflamatória intestinal (DII) em crianças e jovens. Em 2023, a pediatria do Hospital de S. João, no Porto, recebeu 55 novos casos, quando até 2022 a média andava nos 30 diagnósticos por ano, correspondendo a um aumento de 83%. Estima-se que a patologia, que se divide em duas formas principais - doença de Crohn e colite ulcerosa -, afete cerca de 25 mil pessoas no país, 25% das quais em idade pediátrica. Os fatores ambientais são apontados como causa provável deste aumento, mas não há certezas. Hoje, assinala-se Dia Mundial da DII.
No Hospital de S. João, os números confirmam uma perceção que já vem sendo falada até a nível internacional. “Na idade, pediátrica notamos um aumento global do número de casos”, refere ao JN Eunice Trindade, gastrenterologista pediátrica daquela unidade, onde a média de idade dos diagnósticos está nos 11-12 anos. Segundo a médica, nas reuniões e eventos da Sociedade Europeia de Gastrenterologia Pediátrica “toda a gente fala neste aumento”. Para dar uma ideia da evolução, Eunice Trindade recua três décadas: “Quando comecei a trabalhar [no S. João], tínhamos uma média de dois doentes por ano”, afirma.