
Associação quer encerramento dos solários
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Dermato-venereologia é a especialidade com os piores tempos de resposta para consulta. De acordo com o Relatório Anual do Acesso 2017, apenas 48% das consultas eram realizadas dentro do tempo máximo de resposta garantido.
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Com hospitais como o Garcia de Orta (Almada), em Lisboa, a demorarem 865 dias para responderem a uma primeira consulta não urgente. Ou o de Caldas da Rainha a exceder em 5,4 vezes o tempo máximo de resposta garantido (TMRG) para uma consulta muito prioritária.
O cancro cutâneo, por sua vez, está a aumentar entre 3% a 6% ao ano. E o melanoma da pele, o mais perigoso de todos, foi responsável por 266 mortes em 2017, mais 22 do que no ano anterior. E as previsões não são animadoras, ao estimarem-se 33 novos casos de cancro por dia. A que se deverão somar mil novos melanomas.
São várias as explicações tanto para a demora na resposta aos utentes, como para o aumento de casos. Na primeira situação, explica a presidente do Colégio da Especialidade de Dermato-Venereologia da Ordem dos Médicos, "a redução drástica do número de dermatologistas no Serviço Nacional de Saúde conduz à incapacidade de resposta a este aumento de solicitações". Sendo que, frisa também Manuela Selores, o facto de haver mais utentes com médico de família "implica mais referenciações para os cuidados hospitalares de dermatologia".
Telerreferenciação
A Telerreferenciação Dermatológica, isto é, o envio de informação clínica associada a imagem clínica, surge para Manuela Selores "como uma verdadeira mais-valia de referenciação dos doentes dos cuidados de saúde primários para uma primeira consulta hospitalar". Contudo, avisa, a sua exclusiva utilização para "controlar listas de espera não terá o êxito pretendido", sendo fundamental a contratação urgente de especialistas.
Já o acréscimo de casos, explica aquela dermatologista, está relacionado "com o estilo de vida atual - solários, férias, atividades desportivas ao ar livre -, mas também com o aumento da esperança média de vida". Tornando-se imperioso "o diagnóstico precoce, estimulando também o autoexame", frisa o presidente da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC). Tanto mais que, "não havendo diagnóstico e tratamento precoce vamos para tratamentos mais avançados, com mais custos", afirma Osvaldo Correia.
E se é certo que, "hoje, ninguém pode dizer que a exposição ao sol induz cancro de pele", a verdade é que "só se fala em proteção quando se vai à praia". Quando "a proteção deve ser diária, como escovar os dentes", diz Osvaldo Correia. Temas que farão parte da campanha que vai lançada hoje pela Direção-Geral da Saúde e a APCC.
RISCO
Associação quer encerramento dos solários
A Associação Portuguesa do Cancro Cutâneo (APCC) defende que as autoridades portuguesas devem equacionar o encerramento dos solários, como já aconteceu no Brasil e na Austrália, lembrando que está provado que aumentam o risco de cancro de pele.
"De uma vez por todas, as pessoas têm de interiorizar que os solários são indutores dos cancros de pele. Este ano surgiram mais estudos internacionais, alguns em que Portugal participou, que demonstram a relação entre a exposição prévia a solários e o aumento de risco de todos os cancros de pele", disse, à agência Lusa, o presidente da APCC.
Osvaldo Correia recorda que a APCC tem defendido há vários anos o encerramento dos solários, junto da tutela e da Direção-Geral da Saúde, e tem contribuído para os estudos que mostram, que "há uma associação entre a exposição prévia, mesmo que esporádica, e o risco aumentado dos cancros de pele, quer não melanoma, como os carcinomas basocelular e espinocelular, quer melanoma, alguns em idades mais jovens a surgir".
