Doentes não urgentes de Gaia, Espinho e Feira vão ser reencaminhados para centros de saúde
O projeto "Ligue antes, salve vidas", que entrou em vigor na Póvoa/Vila do Conde em maio de 2023, vai ser alargado já em março às Unidades Locais de Saúde de Gaia/Espinho e de Entre Douro e Vouga. Os doentes só serão atendidos na urgência hospitalar se tiverem uma referenciação prévia para tal.
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A portaria de alargamento do projeto piloto a estas duas novas ULS, assinada pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, foi publicada esta terça-feira em Diário da República, cabendo à Direcção -Executiva do SNS definir o calendário da sua efetiva implementação. O JN sabe que a intenção é que comece a funcionar nestas duas novas unidades a 4 de março, próxima segunda-feira.
Na portaria, lê-se que "o recurso ao serviço de urgência, por autorreferenciação, continua a ser realizado por parte significativa de utentes com pouca gravidade clínica, pelo que se impõe uma organização administrativa do fluxo de doentes capaz de otimizar a capacidade de resposta do SNS. Com efeito, o serviço de urgência é uma porta de entrada dos utentes no SNS que deve estar reservada aos doentes que necessitem desse tipo de cuidados que lhes devem ser prestados de forma célere e dedicada. O afluxo à urgência de doentes com pouca gravidade, que podiam ser melhor atendidos noutros pontos do sistema e, desde logo, nos cuidados de saúde primários (CSP), tem importantes implicações, quer ao nível da qualidade dos cuidados prestados, em especial para os utentes que a ele recorrem inadequadamente, quer ao nível da eficiência".
Este projeto prevê que antes de ir à urgência, o utente deve sempre ligar para o SNS24 (808 24 24 24). Em função das respostas e dos resultados do algoritmo, o enfermeiro encaminha para autocuidados, para a unidade de saúde familiar ou para o hospital, acionando o INEM em caso de emergência.
Se, pelo contrário, o utente necessitar de ser observado por um médico, o SNS 24 acede à agenda dos centros de saúde criada para este efeito (até agor aapenas no ACeS da Póvoa/Vila do Conde) e marca uma consulta no próprio dia ou dia seguinte na unidade de saúde do utente. Se for aos sábados, domingos ou feriados, a consulta terá lugar no edifício sede do ACeS com equipas rotativas. Quando desliga o telefone, o utente já tem data e hora marcadas para a consulta, não há contacto posterior.
O projeto-piloto avançou na Póvoa de Varzim/Vila do Conde com uma forte campanha de informação aos utentes. Os dois concelhos foram escolhidos porque tinham uma taxa de cobertura de médico de família próxima dos 100% e os cuidados primários são assegurados por 14 unidades de saúde familiar (USF), das quais 12 modelo B, com remuneração associada ao desempenho.
O objetivo é desincentivar o recurso à urgência por parte de doentes não urgentes, vulgarmente conhecidos pelos azuis e verdes, libertando este serviço para as pessoas que efetivamente necessitam de cuidados mais urgentes.