Os doentes considerados urgentes estão hoje a aguardar mais de 16 horas para serem atendidos nas urgências do hospital de Santa Maria, em Lisboa, segundo o portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
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O tempo de espera mais prolongado verifica-se no hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde um doente considerado urgente terá de esperar, em média, 16.23 horas para ser atendido. Pelas 11 horas, havia 28 pessoas nas urgências do maior hospital do país a quem foi atribuída uma pulseira amarela após triagem e 13 pessoas com pulseira verde de menos urgente, que pela frente tinham um tempo de espera médio de 40 minutos. Para os casos considerados muito urgentes, o tempo de espera é de cerca de uma hora.
Já o hospital Fernando Fonseca, também conhecido como Amadora-Sintra, apresentava um tempo de espera médio de 6.33 horas para doentes urgentes, estando oito pessoas em espera. Quanto aos doentes muito urgentes, o tempo de espera médio estimado é de 2 horas, havendo uma pessoa na fila, e os doentes menos urgentes têm de esperar mais de 13 horas cada para serem atendidos.
Também o hospital de Vila Franca de Xira, que pertence à Unidade Local de Saúde do Estuário do Tejo (ULS), o tempo médio de espera para doentes urgentes era de 5.31 horas, com oito pessoas à espera de serem atendidos. Para os doentes menos urgentes, o tempo de espera supera as 10 horas, mas para os doentes muito urgentes é de cerca de uma hora.
No Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, os tempos de espera para os doentes urgentes são de 4 horas, com 37 pessoas em fila. Já para os doentes menos urgentes o tempo de espera reduz para metade, cerca de 1.44 horas, e para os mais urgentes para cerca de meia hora.
Quatro horas para doentes urgentes em Coimbra
Na região Centro destaca-se o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, onde o tempo de espera para doentes considerados urgentes é de 3.57 horas, estando 26 pessoas a aguardar. Para os casos menos urgentes, a espera não ultrapassa uma hora e para os doentes mais urgentes os 20 minutos.
Seis serviços de urgência estão hoje encerrados e outros 13 serviços estão reservados a urgências internas e a casos referenciados pelo INEM e pela linha SNS24, segundo dados disponíveis no site do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Os serviços encerrados situam-se maioritariamente na região de Lisboa e Vale do Tejo, havendo apenas um no Centro, e são todos relativos a urgências de Obstetrícia, Ginecologia e Pediatria.
Maior afluência e casos complexos
O presidente do Conselho de Administração do Hospital Santa Maria justificou o elevado tempo de espera para doentes urgentes com o aparecimento de “doentes mais complexos", mas garantiu que a unidade hospitalar tem capacidade instalada.
“Ontem [sábado], de facto, tivemos uma situação anómala, ou seja, um crescimento superior àquilo que era a casuística das últimas semanas”, afirmou Carlos Martins, em declarações aos jornalistas. Segundo o responsável, recorreram àquela unidade hospitalar mais doentes de hospitais envolventes, assim como “doentes mais complexos”.
“É normal nesta altura do ano. Foi uma conjugação de vários fatores, entre eles alguns doentes emergentes em simultâneo, o que acaba por desregular”, observou.
Carlos Martins assegurou que o elevado tempo de espera não se relaciona com a falta de médicos, uma vez que “as dotações estão de acordo com o estava planeado”. “Não temos falta de médicos, os meios estão a funcionar”, afirmou, acrescentando que, apesar da capacidade de internamento, na segunda-feira está previsto um reforço dessa capacidade.
"Amanhã [segunda-feira] é o início de uma semana que se antevê complexa, diria difícil, e vamos abrir mais 10 camas para doenças respiratórias", avançou, acrescentando que, a partir de segunda-feira de manhã, serão também disponibilizadas "25 camas de proximidade". "Os meios estão cá, estão reforçados. Não pensamos em ativar a primeira fase do plano de contingência, mas dizer com toda a tranquilidade e responsabilidade que se necessário for, ativaremos", acrescentou.
O presidente do Conselho de Administração salientou ainda que o plano sazonal de inverno "está a funcionar sem qualquer problema" e que, prova disso foram as últimas duas semanas que, habitualmente são "muito críticas" e foram passadas "com tranquilidade". "Revelou-se eficaz e continuar a revelar-se", acrescentou.