Centenas de milhares de peregrinos dormiram ao relento, no Parque Tejo, esta noite de domingo. Lamentam as condições do piso “com pedras, lama e pó” e das “filas para as casas de banho”, mas salientam que “estavam muito limpas”.
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Há quem tenha dormido fora do recinto “por o chão ser mais confortável, até para pessoas em cadeira de rodas”.
Renata Rivera, do Panamá, tem vestidos vários casacos para recuperar do frio que passou durante a noite. “O chão estava cheio de água, dormimos todos molhados agarrados uns aos outros. Trouxemos uma tenda, mas não nos deixaram montá-la. Enrolamo-nos na tenda para suportar melhor a noite, passamos muito frio”, conta a jovem peregrina, de 24 anos, que também veio precavida para evitar as filas para a casa de banho. “Trouxe uma fralda. Os dentes lavamos aqui”.
Para muitos peregrinos as condições do piso foram o principal problema do recinto. “Só trouxe um saco-cama e foi um pouco incómodo dormir neste piso, muito duro e com pedras, além do pó. Também não percebo porque há tanta água a correr por aqui”, diz Paula Fernadez, de Espanha. Angélique Hubert, de França, também lamentou “a lama do chão”, “os caixotes do lixo não serem suficientes nas casas de banho” e “a falta de sombra”. “Também não percebi porque puseram música logo de manhã tão alta, antes das 8 horas. E acho estranho nem todas (as músicas) serem católicas”, acrescentou.
Lucie Aly-Beril, da Ilha da Reunião, elogiou a limpeza das casas de banho. “Dormi muito bem porque estava muito cansada. As casas de banho estavam muito limpas”, salientou. Francesca Ronca, de Itália, também não tinha muitas queixas a fazer. “Foi espetacular dormir aqui com todas estas pessoas de todo o mundo. Foi tudo muito bem organizado. Superou as minhas expectativas”, referiu.
Houve quem preferisse, contudo, dormir fora do recinto por causa das condições do piso. “Aqui é mais liso e confortável, até é melhor para pessoas em cadeiras de rodas, como temos no nosso grupo. Era impensável ir com eles para o meio da terra. Podiam ter colocado umas lonas”, diz Beatriz Pereira, do Porto, que tem outras críticas. “Se já se previa que ia estar tão quente, podiam ter pensado em garantir mais sombras. As condições nesse aspeto também não eram as melhores”. Telmo Pereira, da mesma cidade, partilha a opinião. “As condições cá fora são melhores”.
Ao lado, Domingas Santos ,59 anos, teve dois AVC (Acidente Vascular Cerebral) que lhe dificultaram a locomoção e só consegue andar com a ajuda de um andarilho. As limitações da voluntária da Jornada da Juventude não a impediram de dormir cá fora, no chão, junto ao recinto do Parque Tejo. "Este piso é melhor que o do interior do recinto. Preferia ter um colchão, mas consegui dormir bem. Todo o sacrifício vale a pena, estou a amar a Jornada, superou as expectativas ", partilhou, um sentimento generalizado. “A Jornada está a ser espetacular. Apontei todas as mensagens do Papa”, disse Paula Fernadez.
Luísa Brito e Fátima Valido, de Loures, lamentaram não haver casas de banho fora do recinto. “A única coisa que falta são casas de banho. Estamos a ir à de um supermercado e as filas são enormes, além de termos de andar vários quilómetros até à casa-de-banho”, partilhou Luísa, que não se inscreveu na Jornada da Juventude e, por isso, não pode entrar no recinto. Dormiram numa rotunda, com relva, “um piso mais fofo”, frisaram, acrescentando que houve outros peregrinos que dormiram no exterior do recinto porque já não tinham espaço lá dentro. “Houve alguma falta de organização, foi um bocado em cima do joelho”, criticou Fátima.
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