Simuladores virtuais para aprender a podar e manobrar máquinas, drones para levantamentos aéreos ou monitorizar incêndios são cada vez mais usados na floresta, onde se inova para combater a falta de mão de obra e atrair jovens.
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A Federação Nacional dos Baldios (Baladi) realizou, esta quarta-feira, uma Feira Tecnológica Florestal, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, para mostrar as novas tecnologias disponíveis para a floresta e mostrar aos jovens que o setor sabe inovar e dá emprego.
O objetivo é "mostrar que existem mecanismos que tornam o processo de gerir a floresta muito mais rápido", afirmou Daniel Amorim, diretor da Baladi.
Este é um setor que evolui "à mesma rapidez que os computadores e os tablets. Há pouca mão de obra, para estes trabalhos é precisa mão de obra especializada e a maquinaria ajuda a fazer o trabalho de forma mais rápida", salientou Daniel Amorim.
As tecnologias são variadas e vão desde realidade virtual, drones e maquinaria pesada para trabalhar na floresta, como uma "aranha" que possibilita os trabalhos em zonas de grande declive e tritura mato ou uma outra máquina que derruba e tritura árvores de grandes dimensões.
O laboratório de realidade virtual Massive, instalado na UTAD, desenvolveu um simulador que, de forma imersiva, permite aprender a fazer um procedimento de poda na vinha.
Óculos de realidade virtual para podar
Com uns óculos de realidade virtual e dois comandos consegue-se segurar virtualmente uma tesoura e podar a videira, podendo-se repetir o processo as vezes que quiser sem afetar a planta. "Estamos a apostar em aplicações imersivas para treino e simulação que diferem das abordagens mais tradicionais de vídeos e manuais", explicou Pedro Monteiro.
Leandro Ferreira, da Forestcorte, explicou que a empresa dispõe de um simulador que simula o corte e abate de árvores, permitindo formar os operadores que vão, depois, para o terreno já com maior preparação.
Os bombeiros da Cruz Branca adquiriram um drone que é usado nas operações de socorro e monitorização de incêndios florestais. O comandante Orlando Matos explicou que, nos incêndios que atingiram o concelho neste verão, o drone foi utilizado sobretudo para auxiliar nas operações de rescaldo, monitorizar pontos quentes e posicionar as equipas nos sítios corretos. Mas, referiu que é também um equipamento que permite fazer operações de busca e resgate.
A Cerna adquiriu há pouco tempo um drone para fazer levantamentos aéreos do terreno, permitindo avaliar as condições e facilitar a gestão florestal. O drone é um facilitador e que antes o trabalho era feito andando a pé, o que levava muito mais tempo a fazer a prospeção em áreas maiores.
Apenas três alunos entraram na licenciatura de Ciências e Tecnologias Florestais da UTAD em 2025/26, estando disponíveis 17 vagas para a próxima fase de acesso que termina na quinta-feira.
A área florestal é, segundo o reitor Emídio Gomes, uma "marca identitária da formação" da academia, desde a sua génese há 50 anos, e "é muito importante para o país".
"Nós somos a maioria das vezes alertados para a floresta como algo de negativo, algo que arde, destrói e que mata, e a floresta é muito mais do que isso. Pelo contrário, é vida, economia e futuro, e é algo pelo qual devemos lutar", realçou o reitor.
Na sua opinião, é preciso encontrar "formas de motivar os jovens a estudar um setor que tem falta de pessoas qualificadas".
O evento contou com a participação do secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, que aproveitou para defender a necessidade de, para atrair jovens para o setor, dar "uma imagem da floresta pela positiva, moderna e inovadora".
O governante defendeu que a tecnologia "é um motor" e está integrada na estratégia preconizada para o país no "Floresta 2050, Futuro + Verde", plano aprovado sexta-feira, no parlamento, que assenta nos pilares: valorização, resiliência, propriedade e governança.