O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar denunciou, este sábado, dois casos de pessoas que morreram nos últimos três dias por atrasos no atendimento da linha 112. Ocorreram em Bragança, na quinta-feira, e em Tondela, este sábado. O sindicato fala em "caos nos serviços".
Corpo do artigo
As mortes ocorreram, segundo o sindicato, em períodos em que o número de chamadas em espera na linha 112 era superior a uma centena.
A primeira morte denunciada aconteceu em Bragança, na quinta-feira, quando um homem entrou em paragem cardiorrespiratória e a mulher não teve resposta na linha 112. “A Vmer estava a dois minutos do local”, mas a chamada feita para o 112 só foi atendida "cerca de uma hora depois", denuncia Rui Lázaro, do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH). O óbito do homem foi declarado no local.
O outro caso aconteceu este sábado em Molelos, no concelho de Tondela, também na sequência de uma paragem cardiorrespiratória, de uma mulher de 94 anos. A pessoa que ligou para o 112 só conseguiu que atendessem a chamada passados 40 minutos, a paciente ainda foi alvo de manobras de reanimação no percurso para o Hospital, mas não sobreviveu.
O sindicato denunciou ainda um terceiro caso, em Bragança, mas o desfecho não foi fatal. Trata-se de um homem que se despistou de automóvel e ficou em estado grave, na quinta-feira. O 112 estava indisponível, pelo que foi transportado para o hospital num carro particular, de familiares seus.
Em comunicado, o STEPH diz que "os constrangimentos causados pela escassez de técnicos de emergência pré-hospitalar, como o atraso no atendimento de chamadas nos CODU e os meios de emergência médica encerrados por falta de profissionais, são já amplamente conhecidos e continuam a agravar-se sem medidas concretas por parte do Governo".
Enquanto os problemas não se resolvem, acrescenta o STEPH, assiste-se ao "colapso de um sistema que deveria ser de excelência e que é um direito fundamental de qualquer cidadão". Os exemplos de mortes enquanto esperam pelo atendimento de chamadas do 112 "sucedem-se frequentemente", acusa o STEPH.
Na base do problema está "o baixo número de técnicos a atender chamadas nas centrais de emergência, bem como o elevado número de meios encerrados por falta destes técnicos". As consequências "estão à vista" e o STEPH "não deixará de realizar as respetivas denúncias até que sejam adotadas medidas concretas para a reversão do caos em que os serviços médicos de emergência se encontram".