Justino Fernandes nasceu há 76 anos em Amares, emigrou para França, mas voltou à terra natal para desfrutar da "tranquilidade de vida". Aprecia o facto de haver "mais gente nova" e só lamenta que o centro tenha deixado de "ser um jardim". Visão contrária tem o neto Paulo Silva, de 28 anos, que considera que "evoluiu menos do que desejava".
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É no Largo D. Gualdim Pais que os amarenses da geração de Justino Fernandes costumam concentrar-se para pôr a conversa em dia. Mas o septuagenário diz que não é de ficar parado nos bancos da praça e prefere, antes, pegar na sua bicicleta e dar umas voltas pela região. Também elogia o papel da associação Valoriza ADL, ali perto, que lhe proporciona aulas de teatro, informática e até ginástica.
Já o neto, Paulo Silva, assinala que se construíram "poucas coisas novas" e há potencial que deve ser aproveitado. Fala das margens do rios Cávado e Homem, "com sítios lindíssimos", mas também do Monte de S. Pedro, "onde ainda não há nada".
Poderíamos ter mais praias fluviais e espaços de lazer de qualidade
"Poderíamos ter mais praias fluviais e espaços de lazer de qualidade", refere o jovem amarense, voluntário numa associação juvenil, que ajuda a dinamizar a vila.
O avô tem uma opinião mais positiva. Mostra-se satisfeito "com a evolução" do concelho, "com cada vez mais casas e pessoas novas" e só tem pena que o centro de Amares tenha deixado de ter um "grande jardim", como nos tempos da sua juventude. "Tinha árvores gigantescas. Compreendo que algumas não poderiam continuar a existir, mas eram muito bonitas", recorda.
Para Paulo Silva, ainda assim, vale a união entre as gerações mais novas. "Organizamos o desfile de Carnaval e um festival de arte e temos um grupo de bombos", exemplifica, falando "de uma dinâmica forte" proporcionada pelos mais novos. "Há sempre coisas a acontecerem", sublinha, ressalvando que, ao nível da diversão noturna, é a freguesia vizinha de Ferreiros que concentra as principais ofertas.
Temos lutado pela construção de um parque desportivo, mas atualmente existe apenas um campo de futebol em terra batida, que não interessa a ninguém
Justino, por sua vez, elogia a construção de novas habitações em Amares, que trazem mais casais novos para o centro do concelho. "Fico contente com esse crescimento", diz.
Já Paulo, aluno de doutoramento de Biologia, na Universidade do Minho, confessa adorar viver em Amares, mas não rejeita a ideia de viver noutras cidades. Até lá, deixa ainda algumas críticas à falta de opções para os jovens.
"Temos lutado pela construção de um parque desportivo, mas atualmente existe apenas um campo de futebol em terra batida, que não interessa a ninguém", conclui.