Joaquim Cacheira vive há 42 anos em Matosinhos e destaca o "25 de abril" que passou por ali e que permitiu uma grande evolução à cidade, onde na sua juventude o povo "morava em ilhas" e hoje habita "casas dignas". Uma realidade que a mexicana Dafne Ruiz já não conheceu. E, também por isso, só tem palavras de elogio para a terra que a acolheu. "Uma cidade agradável e segura" é como a descreve.
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Não é matosinhense de gema, mas os 42 anos que leva de morador no concelho quase lhe garantem esse estatuto. Mudou-se da Afurada, terra de pescadores em Gaia, para onde o mar também faz escola e é vida de trabalho. "Fui pescador, contramestre e formador", resume Joaquim Cacheira.
Nas mais de quatro décadas que leva de Matosinhos como casa viu o município crescer e assistiu ao desaparecimento de cancros antigos. "O setor da habitação é o melhor exemplo. Dantes, havia imensas ilhas, as pessoas viviam em más condições. Felizmente, a situação mudou e hoje as casas são dignas", assinala o reformado, de 79 anos.
Já Dafne Ruiz vive apenas há um ano e meio em Matosinhos e está rendida. Veio do México para se juntar à família que escolhera Portugal (e o Porto) para melhorar a vida. Surpreendeu-se pela positiva, ela que nunca tinha sequer ouvido falar de Matosinhos e não sabia o que ia encontrar.
Matosinhos tem praias, tem parques, tem boas condições. Era tudo o que queria
"É uma cidade agradável e segura, sobretudo para quem tem um filho pequeno com dois anos como eu", conta a cozinheira, de 34 anos.
Aos poucos, Dafne tem vindo a explorar o que a cidade tem para oferecer. E vem caindo de amores. "Matosinhos tem praias, tem parques, tem boas condições. Era tudo o que queria", diz a mexicana.
Mas nem sempre foi assim. Que o diga Joaquim Cacheira, que destaca as mudanças nas pessoas de Matosinhos. Nos seus comportamentos, nos seus modos de vida, nas suas posturas. "São hoje mais cultas do que há 42 anos", constata.
O desenvolvimento que Matosinhos teve transformou a cidade quase noutra completamente diferente para melhor
E há o movimento, o bulício das ruas, "o desenvolvimento que Matosinhos teve e que transformou a cidade quase noutra completamente diferente para melhor". Foi quase uma revolução interna, "um 25 de Abril que também passou por Matosinhos e deixou marca".
E como foi esta realidade que encontrou à sua chegada, Dafne garante já não troca a cidade por outra morada. "Quero continuar a morar em Matosinhos por muitos anos", jura a jovem, que todos os dias de trabalho vai para o Porto de transportes públicos.
São jornadas que têm sempre rota certa e trajeto bem definido. "Opto pelo autocarro ou pelo metro. São os meios rápidos para chegar ao Porto", conta. O regresso fá-lo sempre da mesma forma.
O pior de Matosinhos é que há muitos carros, o trânsito é imenso e os automobilistas não respeitam ninguém ao estacionarem em cima dos passeios
A mobilidade é, aliás, outro dos aspetos que Joaquim Cacheira destaca como marca da evolução da cidade. "Os meios de transporte deram um salto impressionante, sobretudo a partir da chegada do metro a Matosinhos. Vieram facilitar em muito a mobilidade", justifica.
Talvez por não conhecer a realidade anterior, a mexicana aponta o trânsito como o ponto mais negativo. "O pior de Matosinhos é que há muitos carros e os automobilistas não respeitam ninguém ao estacionarem em cima dos passeios", observa.
Também Joaquim aponta ao trânsito, quando lhe pedem para destacar aspetos menos positivos. "Há demasiados parcómetros e poucos lugares de estacionamento. Quem vem de fora pára o carro e os moradores locais ficam sem alternativa para os seus", conclui.