Durão Barroso defendeu, esta quarta-feira, que o PS deve fazer "uma cura de oposição" e que deve haver "uma completa limpeza nos balneários da política portuguesa", considerando "impensável" um novo Governo socialista após um escândalo de corrupção que é "muito mau" para a reputação do país.
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O ex-presidente da Comissão Europeia foi mais um antigo primeiro-ministro do PSD a atacar António Costa, depois das declarações feitas na véspera por Passos Coelho. Aos jornalistas, à margem da apresentação de um livro em Lisboa, disse que o caso de "corrupção e tráfico de influências ao mais alto nível" que levou à demissão de António Costa é "muito mau" para a reputação do país e para a confiança dos investidores estrangeiros, esperando que "se corrija isto".
Após afirmar esta quarta-feira que "seria quase impensável" e "muito estranho" que "aqueles que trouxeram o Governo para a situação em que estamos voltassem" para o Governo após as eleições legislativas de março, Durão insistiu que seria "incrível que, estando o país como está na habitação, na saúde e na educação, os portugueses continuassem com os mesmos".
"Para mim é uma questão de higiene política mudar a governação em Portugal. Tenho o maior respeito pelo PS, é um grande partido da nossa democracia, mas deve fazer uma cura de oposição", defendeu, considerando que isto seria "bom para o PS e para Portugal". Durão acrescentou mesmo que "é preciso fazer uma completa limpeza nos balneários da política portuguesa".
À margem da apresentação do livro "Um caminho para Portugal", da autoria de Carlos Tavares e Sara Monteiro e com prefácio de Miguel Cadilhe, o antigo líder e primeiro-ministro social-democrata começou por afirmar que a demissão de Costa e a dissolução de um Parlamento com maioria absoluta do PS têm "obviamente grandes repercussões" por estarem em causa "temas ligados à corrupção e a tráfico de influências".
"Grande custo reputacional e instabilidade"
Sublinhando a referência ao caso pela imprensa internacional, Durão acrescentou que este caso e a demissão do primeiro-ministro representam algo de "muito mau em termos de reputação do país" e "em termos de confiança, sobretudo nos investimentos estrangeiros". "Ainda por cima, alguns dos casos referidos têm a ver com projetos de investimento estrangeiro. Portanto, foi muito mau para o país", reforçou o antigo presidente do Executivo comunitário.
Embora recusando "entrar em questões de política interna ou atribuir culpas a A ou B", pelo menos neste momento, Durão insistiu que "objetivamente o que se passou teve um grande custo reputacional para o nosso país".
"O nosso pais voltou a ser notícia em termos internacionais por alegados casos de corrupção e de tráfico de influências ao mais alto nível", prosseguiu, considerando igualmente negativa " a ideia de instabilidade que há". Agora, espera que "se dê a volta à situação" e se "corrija isto".