Durão Barroso, atual presidente não-executivo do Goldman Sachs International, teve reuniões e trocou emails com representantes do banco norte-americano, quando era presidente da Comissão Europeia (CE) e nem todos os contactos estão registados no arquivo da Comissão.
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O social-democrata argumenta que manteve vários "contactos institucionais" e "transparentes" com as "mais variadas entidades políticas, empresariais , sindicais e financeiras" num momento em que a "Europa e o Mundo viveram uma das maiores crises financeiras".
A notícia foi avançada na edição de sábado do jornal "Público" que dá conta de troca de correspondência com o gabinete de Durão Barroso e de alguns encontros entre o ex-presidente da CE e dirigentes do banco norte-americano.
Uma representante da Goldman Sachs, Jenny Cosco (com registo de lobista no Parlamento Europeu), terá enviado posições públicas sobre os interesses do setor financeiro e um relatório confidencial para a Presidência da CE (em agosto de 2005) com sugestões sobre as regras que limitam o "short selling".
Dirigentes do banco, em particular Lloyd Blankfein e Lisa Rabbe, chegaram a elogiar as políticas tomadas pela CE para fortalecer a União Monetária.
Posições da Banca são "naturais"
O JN procurou ouvir Durão Barroso sobre os contactos com a Goldman Sachs durante a sua liderança da CE, mas o social-democrata não pretende acrescentar mais esclarecimentos.
Ao jornal diário, Durão Barroso desvaloriza as abordagens do banco norte-americano ao seu gabinete, tanto mais que, sob a sua liderança, a CE "promoveu o maior programa de regulamentação do setor financeiro de que há memória", com a produção de "mais de 40 textos legislativos".
"É natural que os visados tenham de algum modo procurado transmitir o seu ponto de vista sobre a legislação em preparação pela Comissão. Mas posso garantir que nunca nenhuma entidade financeira me abordou sobre a matéria nem chegou ao meu conhecimento qualquer démarche específica eventualmente feita nesse sentido", afirmou o social-democrata, citado pelo referido jornal.
Durão Barroso sublinha que ele e a Comissão que liderou tiveram mais contactos com "as principais associações empresariais europeias" e organizações sindicais do que com "entidades financeiras".
A contratação de Durão Barroso pela Goldman Sachs levou o sucessor do social-democrata na Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, a retirar-lhe os privilégios de ex--presidente da comissão em Bruxelas, passando a ser tratado como um lobista. Barroso já contestou a decisão, argumentando que a discriminação contra si e contra o banco viola o direito europeu e congratulou-se pelo facto de António Costa ter pedido esclarecimentos sobre isso. v