Prova é uma das maiores do Mundo e conta com a participação de oito mil columbófilos portugueses.
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Treinam, descansam, tomam banhos de imersão para relaxar os músculos e comem alimentos específicos e suplementos, consoante as provas que vão disputar. Não falamos de seres humanos, mas sim de pombos-correio. São atletas de alta competição. E, este sábado, cerca de 45 mil vão ser largados em Valência, no sul de Espanha, para sozinhos voarem até aos seus pombais, em Portugal. A prova nacional de fundo, organizada pela Federação Portuguesa de Columbofilia (FPC) desde há sete anos, é uma das maiores do Mundo na categoria.
São cerca de oito mil os columbófilos - na sua esmagadora maioria portugueses, com exceção de meia dúzia espanhóis - a participar na prova, que testa os pombos-correio na modalidade de "fundo". "Vão percorrer à volta de 700 quilómetros. São animais, maioritariamente, entre os dois e os quatro anos de idade, que treinaram muito para isto, para "ganhar asas", como nós dizemos. Eles são mesmo atletas de alta competição", explica ao JN Almerindo Mota, diretor desportivo da FPC.
Os preparativos finais começaram esta quinta-feira, com os columbófilos a levarem os pombos-correio escolhidos aos clubes e coletividades que representam. E, já lá, foi feito o "encestamento". "Cada ave tem uma anilha oficial e um chip e, depois, é metida num cesto próprio e colocada num camião", adianta Almerindo Mota.
Cerca da meia-noite, 14 camiões - das 14 associação distritais do país, que representam, no total, 350 clubes - arrancaram rumo a Valência. Pelo caminho e, após chegarem, os animais são alimentados e hidratados. E descansarão, entretanto, até sábado de manhã, quando os espera a dura prova, que tem início perto das 6.45 horas.
Momento único
"O momento da solta é qualquer coisa de emocionante e único. Os pombos-correio, depois, com a sua inteligência e com algo mais, que ainda não se descobriu o quê, vão voar ao longo de mais de nove horas, até encontrarem os seus pombais. E nós ficamos ansiosos à espera que regressem", frisa Almerindo.
O diretor desportivo da FPC vai enviar para a prova 20 pombos treinados por si. Devido às funções que desempenha, vai estar em Valência. Mas, ao final do dia, é em casa que conta esperar pelos seus atletas. "São como uns filhos. Tenho 200 e conheço-os a todos só pelo voo", atesta. No final, há um vencedor nacional, outro por cada distrito e um prémio para o primeiro pombo-correio de cada um dos clubes.
A SABER
14 camiões especialmente adaptados para o efeito transportam, desde vários pontos do país até Valência, os cerca de 48 mil pombos que vão competir na prova.