Autoridade Tributária defende contratação de profissionais especializados em análises de dados.
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A sub-diretora da Inspeção Tributária e Aduaneira, Ana Paula Neto, admitiu, ontem, que "é fundamental a disponibilização de recursos humanos" para o trabalho de combate à fraude e evasão fiscais. Numa conferência organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, em Braga, a responsável apontou para a necessidade de contratação de funcionários especializados na análise de dados, "o petróleo da inspeção que leva aos contribuintes incumpridores".
"A transformação digital é muito importante para a estratégia global da Autoridade Tributária. Os dados são muito importantes", sublinhou Ana Paula Neto, numa intervenção por vídeo, salientando que o organismo está numa fase "de digitalização de processos", mas precisa "de pessoas com competências específicas". "Temos pessoas com muitos anos de experiência e é bom. Mas é mau não trabalharmos com gerações mais novas para fazer diferente e trabalhar com tecnologias", asseverou a dirigente.
As palavras foram partilhadas pela diretora dos Serviços Antifraude Aduaneira. Para chegar aos crimes de fuga aos impostos, Paula Bento Pinto entende que "os recursos humanos para análise de dados são fundamentais". Ao nível aduaneiro, deverão centrar-se "na análise de imagens", exemplificou a responsável, reforçando que o futuro da inspeção tem que passar por "técnicas analíticas avançadas" e ferramentas que estejam "ativas a todo o tempo, permitindo atuar em tempo útil".
"É justo que questionemos se a excelência do capital humano da Autoridade Tributária, que ao longo dos tempos se tem adaptado a tantas alterações legislativas e tecnológicas, se encontra preparado para o desafio da analítica avançada", atirou Paula Bento Pinto.
Investir na formação
Para o procurador da República, Miguel Rodrigues, não há dúvidas "que faltam meios humanos" para as inspeções. "Estou sempre a ouvir esse argumento e é muito frustrante", admitiu à audiência. Ao mesmo tempo, ressalvou que é, também, "preciso investir na formação inicial e contínua" dos profissionais. "Cada euro não pago ao Estado é mais um custo para os contribuintes e menos dinheiro para pagar múltiplas despesas", alertou o magistrado ligado à investigação e prevenção da criminalidade tributária. .