
Fernando Araújo, diretor executivo do SNS
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
É preciso "invertermos" a forma de gerir o SNS para ele se manter "forte" para as próximas gerações, defendeu, esta quinta-feira, Fernando Araújo, diretor executivo do SNS, durante o debate "Descentralização da saúde", na Universidade de Aveiro.
"Desde 2016 até agora, a despesa [do SNS] aumentou 40 a 50%. Mas temos melhores cuidados de saúde? Estão as pessoas mais satisfeitas?", questionou. O diretor executivo do SNS apontou ainda o aumento de preço dos medicamentos, que "cresceram nos últimos dois anos a dois dígitos". "Ou temos melhor gestão ou um dia destes vamos começar a cortar a capacidade de dar resposta às pessoas", o que não se pretende, alertou. "Quando se fala na questão da gestão, é exatamente isso. É como podemos gastar melhor o dinheiro que temos".
Desde o programa da Troika houve uma "paragem absoluta" no investimento em diversas áreas, nomeadamente na saúde, e houve uma "redução da capacidade tecnológica do SNS que estamos agora a tentar inverter", adiantou Fernando Araújo. Em resposta a um médico do hospital de Aveiro, o diretor executivo do SNS admitiu ainda que as condições de "vencimento e trabalho" oferecidas atualmente no serviço público "não são competitivas" quando comparadas com o privado e outros países, nem estão de acordo com as "expectativas" dos profissionais.
Só é possível "manter um SNS forte, consistente, para as próximas gerações, se invertermos a forma de gerir. Se continuamos a fazer o mesmo, o resultado final é terminar com o SNS", assumiu.
Antes, Fernando Araújo havia referido que é "muito favorável à descentralização", até porque o poder local tem demonstrado, ao longo dos anos, uma "capacidade ímpar de fazer acontecer", podendo "criar mais valor" também no setor da saúde.
Ribau Esteves, presidente da Câmara de Aveiro, disse que o atual diploma da descentralização na área da saúde é "melhorzito que o anterior", mas ainda assim "pobre". O anterior foi apelidado de "decreto-lei da vassoura", dada a pouca intervenção que permitia aos autarcas, revelou. Uma das grandes vantagens da descentralização será "sabermos a verdade" da gestão da saúde, acrescentou ainda.
