Sociedade Portuguesa de Cardiologia alerta que tempo de espera máximo de resposta é ultrapassado. Foi Lançado plano para melhorar prevenção e acesso aos cuidados em cardiologia
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É preciso reduzir os tempos de espera para garantir “um acesso atempado aos meios de diagnóstico, de terapêutica e de suporte cardiovasculares”. O alerta é lançado pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), que observa um “agravamento das condições de acesso à especialidade de cardiologia, apesar do aumento verificado na resposta”.
Os especialistas sugerem que, no caso da doença valvular, os tempos máximos de espera para a consulta não ultrapassem os 30 dias para os doentes sintomáticos, e os 60 dias para os doentes com doença grave assintomática. Mas também uma maior celeridade, em geral, nas respostas terapêuticas, e nas cirurgias de doentes com doença coronária.
As medidas constam no Plano Estratégico para a Saúde Cardiovascular em Portugal, lançado recentemente pela SPC, com o objetivo de melhorar as práticas em saúde cardiovascular, dada a tendência de aumento da prevalência das doenças cardiovasculares.
As doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte em Portugal: em 2022 representavam 26,6% do total de mortes, acima da doença oncológica. A mortalidade prematura por causa cardiovascular é maior para os homens, enquanto nas mulheres atinge valores mais elevados a partir dos 75 anos.
Os últimos dados, referentes a 2023, mostram que o tempo máximo de resposta garantida - definido por lei, e de acordo com o nível de prioridade -, foi ultrapassado em 91,8% das primeiras consultas e em 33,2% das cirurgias.
"Quanto à equidade no acesso, em termos geográficos, verifica-se que a região mais afetada é a Grande Lisboa, com 44,6% das cirurgias cardíacas em incumprimento do tempo máximo de resposta garantida, comparativamente ao Norte e Centro, respetivamente com 24,9% e 29,7% de taxa de incumprimento. Dentro de um péssimo panorama em todo o território continental, o Algarve lidera ao nível das consultas em incumprimento", pode ler-se no documento.
Os especialistas pedem também que, em três anos, se promova a implementação de uma avaliação obrigatória e sistemática em consulta dos familiares diretos, isto é, filhos, pais e irmãos, de vítimas de morte súbita cardíaca. E mais equipamentos pesados para diagnóstico.
Garantir exame a jovens
É ainda recomendado que sejam realizados rastreios de fatores de risco cardiovascular (que incluem, entre outros, o tabagismo, a hipertensão arterial e o colesterol elevado) para a população geral, através de campanhas de rastreio em áreas de “elevada concentração de pessoas”, como estádios de futebol, recintos desportivos e superfícies comerciais, mas também nas faculdades e politécnicos.
Entre as medidas está também garantir, em articulação com a Direção-Geral da Saúde e os cuidados de saúde primários, que todos os jovens até aos 18 anos realizam um eletrocardiograma. E a atualização das taxas de comparticipação de medicamentos.
Há outras medidas de prevenção para hábitos saudáveis, como promover o exercício físico nas escolas, nos locais de trabalho e em comunidade, através de programas apoiados pelas autarquias.