O candidato comunista à Presidência da República, Edgar Silva, defendeu hoje um mandato em Belém para "acolher o grito dos pobres", "atender ao clamor dos trabalhadores", da "Terra" e da "Natureza", prometendo "cumprir e fazer cumprir a Constituição".
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Numa sala de um hotel lisboeta com centenas de pessoas em pé, além das outras muitas centenas sentadas, Edgar Silva, 53 anos, afirmou que o Presidente da República, embora não sendo "Governo, no entanto, deve atuar no quadro das funções que "o texto fundamental lhe confere, usando os seus poderes para determinar a mudança".
O candidato comprometeu-se com "os valores de Abril", a fim de "abrir novas avenidas de esperança e futuro para Portugal".
O antigo padre e deputado regional da Madeira assegurou ainda que irá contribuir para "defender e aprofundar o regime democrático", "os direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores" e "os direitos sociais", "promover o crescimento económico e o desenvolvimento", "lutar contra a exclusão social e pela erradicação da pobreza", bem como dar "prioridade às crianças", "afirmar um Estado participado e descentralizado", sem esquecer a "diáspora portuguesa".
"Não podemos capitular perante o intolerável ataque às funções sociais do Estado, corte no investimento público e desagregação da administração. Não podemos ser cúmplices do ataque ao Serviço Nacional de Saúde e à Escola Pública. Não podemos aceitar a ofensiva contra o trabalho com direitos", disse o membro do comité central do PCP antes de questionar "quem acolhe o grito dos pobres".
Edgar Silva voltaria a interrogar a plateia, na qual se encontrava, entre outras figuras, a ex-provedora da Casa Pia Catalina Pestana: "quem atende ao clamor dos trabalhadores deste país?" e "quem, nesta República, ouve o clamor da Terra, quem acolhe o grito da Natureza?", referindo-se à legislação laboral e à proteção do meio ambiente.
"Esta candidatura que assumo exprime essa exigência de uma profunda rutura e viragem em relação às orientações políticas que tanta desordem e tanta regressão impuseram ao nosso país", garantiu.
Segundo Edgar Silva, "são cada vez mais as decisões transferidas para estruturas supranacionais em colisão com a Constituição" e "sucessivos governos de PS, PSD e CDS têm assumido como legítima a intervenção estrangeira sobre o país, esvaziando e amputando o regime democrático e a soberania nacionais".
"Com esta candidatura, assumo plenamente o exercício de todos os direitos, desde a apresentação até ao voto, e afirmo total disponibilidade para exercer as funções que o povo português entenda atribuir-me nesta eleição", concluiu.