Em 2022, o SNS fez oito mil esterilizações voluntárias anuais. Há hospitais que disponibilizam apoio psicológico para quem deseja.
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Em seis anos, foram mais de 53 mil as mulheres que fizeram laqueação das trompas através do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Mas a procura por este método contracetivo definitivo tem vindo a diminuir. Em 2022, dados mais recentes disponíveis, foram 8202 mulheres que efetuaram a esterilização voluntária. Cinco anos antes, em 2017, tinham sido mais de dez mil - neste período as intervenções diminuíram 18%.
Ainda que 2020 tenha sido o ano com o menor registo, justificado pela pandemia de covid-19, o número de laqueações não voltou ao que era. Depois da subida no pós-pandemia, estas esterilizações voluntárias sofreram nova quebra de 2021 para 2022, segundo dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).
Para Filomena Sousa, especialista na área de ginecologia na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, esta quebra “é positiva”. “A diminuição das laqueações deve significar maior adoção a outros métodos contracetivos, principalmente os de longa duração não definitivos, que acumulam mais vantagens.”
Sem filhos ou obesas
Ainda que, segundo indicou a ACSS, não haja dados detalhados, a médica traça um retrato da mulher que, atualmente, chega à sua unidade para esta operação: “Está entre os 35 e os 40 anos, já tem filhos e, em grande parte, tem excesso de peso”. Esta última característica é, diz Filomena Sousa, “decisiva”. “Muitas veem nas hormonas de outros métodos contracetivos a causa da obesidade e veem na laqueação a solução.” Mas raramente é tão linear, alerta. A maioria está “desinformada pelas redes sociais e inserida numa cultura de ‘hormonofobia’ que não é sustentada por argumentos científicos”.
A lei que define os procedimentos de esterilização é pouco detalhada e não indica qualquer forma de reencaminhamento destas situações. Na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, “em situações especiais, pode ser pedido apoio psicológico, pelo médico ou pela utente, antes da decisão de contraceção definitiva”. E, em casos de indecisão, Filomena Sousa indica que "a eficácia, segurança e benefícios dos métodos contracetivos de longa duração fazem com que algumas mulheres desistam de fazer uma laqueação tubária depois de devidamente informadas".

