Câmaras conseguiram detetar focos de incêndio na floresta com novo sistema de videovigilância, evitando quatro potenciais grandes incêndios.
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O sistema de videovigilância florestal que começou a funcionar há pouco mais de dois meses na região Viseu Dão Lafões já apresenta resultados: foram detetados a tempo de evitar uma tragédia quatro focos de incêndio em zonas florestais muito densas e chegaram à Justiça provas que deverão levar à captura de eventuais incendiários.
As câmaras operam 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano. Entre maio e novembro, as imagens recolhidas são analisadas por militares da GNR, no Comando Distrital de Operações de Socorro de Viseu. São seis os ecrãs que mostram toda a informação recolhida no momento pelas quatro torres já em funcionamento. Depois desse período, tudo passa a ser visualizado no comando distrital. São quatro os elementos afetos ao serviço.
Cada torre tem quatro câmaras: uma de vigilância da própria infraestrutura, ou para evitar atos de vandalismo, outra monitoriza e roda 360 graus durante três minutos e tem um alcance até 60 quilómetros (ainda que essa distância esteja dependente de vários fatores, como a nebulosidade) e as outras duas são de deteção automática e podem filmar a uma distância de 30 quilómetros.
"Uma trabalha no aspeto visível e a outra em infravermelhos. A segunda deteta pontos quentes e a outra colunas de fumo", explica Adriano Resende, relações públicas da GNR de Viseu.
As que "mais trabalham" são as câmaras de deteção automática. Sempre que detetam pontos quentes ou colunas de fumo avisam logo o militar de serviço. "Esse alerta só deixa de piscar no monitor no momento em que o operador interage com ele", adianta o responsável, acrescentando que a informação é passada "imediatamente aos meios da proteção civil no CDOS para verificarem o que está a acontecer e acionarem os meios que consideram adequados para a ocorrência".
O sistema regista em tempo real o que se passa, mas também trata outros dados, como a temperatura, grau de humidade, intensidade e direção do vento, informação que pode ser vital na resposta a dar.
Ano calmo
Na região de Viseu, o ano tem sido calmo no que toca a incêndios. Desde que foram ativadas, as câmaras de vigilância florestal já atuaram em quatro situações. Uma delas ocorreu no Cadraço, no Caramulo, no dia 13, bem perto do local onde está instalada uma das torres. O alerta para o fogo foi dado às 14.52 horas e em menos de uma hora as chamas foram debeladas. Foram combatidas por 44 operacionais, apoiados por 13 viaturas e um meio aéreo.
"Já estão a decorrer processos em que as câmaras tiveram um papel importante", explica Adriano Resende.
A videovigilância é, assim, mais uma arma na luta contra o flagelo dos incêndios. Esta nova ferramenta ajuda também nas investigações. "Acaba por ser útil na ótica da investigação da causa dos incêndios florestais e até dos seus autores", afirma o militar da GNR, salientando que "as imagens gravadas ficam guardadas durante 30 dias e vão contribuir" para fazer o filme dos acontecimentos.
"Já estão a decorrer processos [de investigação] em que as câmaras tiveram um papel importante para levarmos para os processos aquilo que aconteceu e quem terá contribuído para isso", refere, sem querer adiantar mais pormenores.
Mais de três milhões de investimento
A videovigilância na região Viseu Dão Lafões é um projeto da responsabilidade da Comunidade Intermunicipal local. As câmaras em ação foram colocadas na localidade de Adsamo, no concelho de Vouzela, Cabeço da Neve, em Tondela, Santa Luzia, em Viseu, e na Senhora das Febres, município de Carregal do Sal. Durante o próximo mês (agosto) serão seis as câmaras a operar. Está prevista ainda a instalação de um total de 17 estruturas do género até ao verão do próximo ano para monitorizar tudo o que se passa nas matas de toda a região.