O Chega venceu, esta quarta-feira, nos dois círculos da emigração, que confirmaram este partido como líder da Oposição, num quadro inédito do sistema partidário que empurrou o PS para terceira força política.
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Ao longo da contagem dos votos, André Ventura alimentou a esperança de conseguir três dos quatro mandatos que estavam por atribuir. Mas ficou de novo com dois: um na Europa, onde teve o dobro da percentagem da AD, e outro fora. Os outros dois foram para a coligação PSD/CDS que, em 2024, tinha tido apenas um. Já o PS perdeu o seu único eleito. Continuou com 58 deputados, apesar da ligeira vantagem no número de votos, enquanto a extrema-direita cresceu para 60 e a AD reforçou a bancada para 91.
Numa espécie de segunda noite eleitoral, Ventura cantou “vitória”, avisando que “o sistema político muda para sempre e nada será como antes”, e desafiando Luís Montenegro a “retirar consequências” da derrota na emigração.
Marcelo Rebelo de Sousa recebe esta tarde os três maiores partidos e espera indigitar já na quinta-feira Montenegro como primeiro-ministro. Ventura ainda esperava falar com o presidente.
Oposição ao bloco central
À chegada ao hotel onde ia festejar a liderança da Oposição, que lhe dá a vantagem de ser o primeiro a questionar o chefe do Governo nos debates quinzenais, o presidente do Chega garantiu que não quer ser “o líder da confusão ou da destruição, mas sim da fiscalização, do escrutínio e da luta contra a corrupção”. “Respeitamos o tempo dos portugueses e da estabilidade”, afirmou, prometendo que saberá “liderar a Oposição com responsabilidade” e que será “o farol da estabilidade, autoridade e ordem”.
No interior, subiu de tom, falou de “uma mudança profunda de regime” e assumiu-se como líder da Oposição ao “bloco central de interesses”, dizendo estar “nas tintas para os lugares”. Atribuiu esta “vitória” na emigração aos “votos daqueles que tiveram que partir por causa de PS e PSD”.
Já o PS, que promete viabilizar o programa do Governo num “comportamento de responsabilidade”, reagiu aos resultados através de Pedro Vaz. O secretário nacional para a organização disse que “o PS assumirá uma posição construtiva de Oposição”. Notando que, “neste momento, a palavra cabe ao presidente da República”, referiu que a questão que deve ser colocada à AD é “como o Governo pensa governar o país”. Do PS, Montenegro contará com o diálogo prometido por José Luís Carneiro.
“Sucesso da AD”
Horas antes, Carlos César, líder interino, já assumia o terceiro lugar, “tal como já se esperava”. Sobre a derrota na emigração, Pedro Vaz disse que “as responsabilidades são do PS como um todo”. E deve “reconstruir a relação de confiança com os emigrantes”, referiu. E deu o exemplo da Suíça, justificando que estão descontentes com a dupla tributação dos rendimentos que têm em Portugal e naquele país. Na Suíça, o Chega teve quase 46%, para além de ter vencido noutros principais destinos da emigração como França, Bélgica e Luxemburgo, e também Brasil.
Pela AD, José Cesário, deputado fora da Europa, afirmou que a eleição de dois deputados pela emigração é “uma vitória não só para a coligação PSD/CDS, como para Luís Montenegro”. “Este resultado traduz um sucesso muito grande da AD. Somos o único partido que aumentou o número de deputados nestes círculos”, afirmou.
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