Quase tão ridículo como as declarações do ex-líder comunista espanhol, Santiago Carrillo, foi a indiferença generalizada dos média portugueses à publicação da encíclica social de Bento XVI, "Caritas in veritate".
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Tivesse o Papa falado de novo de preservativos e teríamos mais um coro de protestos e a assanhada animosidade da comunicação social. Os média perdem uma boa ocasião para dar boas notícias e não apenas generalidades que já não interessam a ninguém.
Os leitores interessados podem comprovar que Bento XVI propõe aos homens e mulheres de boa vontade uma nova sabedoria social. Foi isso que Santiago Carillo não entendeu, na interpretação primária da sua antiga cartilha ideológica, dizendo que o Papa "copia" Marx e é um "demagogo"!
A miopia intelectual é muito atrevida, mesmo quando comunistas, novos e antigos, fazem gala da sua superioridade moral! Segundo a doutrina cristã, o desenvolvimento é uma "vocação" que implica a assunção solidária de responsabilidade em relação ao bem comum.
Bento XVI retoma a clarividente encíclica "Populorum progressio" (1967) de Paulo VI e defende o "desenvolvimento humano e integral" dos povos. A nova encíclica de Bento XVI é um documento notável, até para políticos e economistas em tempo de crise, mesmo que deva ser lida, para lá da política e da economia, em chave antropológica e teológica.