Fernando Oliveira, de 51 anos, não sabe o que é trabalhar como taxista sem ter empreitadas em curso em várias ruas de Aveiro. Mas antes de ter abraçado a profissão que herdou do pai, no ano passado, já conduzia com frequência na cidade. Por isso, não tem dúvidas: "O trânsito tem vindo a piorar, devido às obras"
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A Avenida Dr. Lourenço Peixinho continua com obras. A Avenida 25 de Abril também. E o mesmo acontece no centro de Esgueira. "Em todos esses sítios, em hora de ponta, o trânsito entope. O pior é sempre de manhã, até às 10 horas, e depois ao final do dia, a partir das 17 e até às 19 ou 20 horas. É o caos", garante Fernando.
Com táxi parado na praça junto à estação dos comboios, num dos extremos da Avenida, Fernando Oliveira lamenta os "ziguezagues" que tem que fazer para ir buscar os clientes, muitos deles turistas que o chamam de algumas unidades hoteleiras. "Com as obras aqui na avenida, se quisermos ir buscar alguém ao Aveiro Palace [junto à "rotunda das Pontes", no extremo oposto], temos que ir dar uma volta enorme ou andar por aqui aos "esses". É um gasto de gasóleo", explica.
É preciso respeito pelos peões. E sermos obrigados a abrandar a velocidade, no centro da cidade, também era algo necessário
Apesar de tudo, ao contrário de muitos que reclamam diariamente com as obras na cidade, Fernando entende que as mesmas vão ser benéficas. Inclusive para quem, como ele, anda todos os dias de carro no centro de Aveiro e faz disso negócio. "Só que enquanto elas durarem, o trânsito vai continuar caótico", prevê.
De resto, aplaude, por exemplo, a zona de coexistência - para ser partilhada por peões e veículos - que foi criada no início da avenida, no lado oposto à estação. "É preciso respeito pelos peões. E sermos obrigados a abrandar a velocidade, no centro da cidade, também era algo necessário", explica.
Esquinas baixas nos passeios
No campo das críticas, Fernando não hesita em falar das "esquinas baixas dos passeios", fruto de empreitadas recentes, que "dão cabo das jantes e dos pneus dos carros". E lamenta, igualmente, que "não exista carregamento para automóveis elétricos nas praças de táxis da cidade, quando o futuro da mobilidade vai passar por aí", principalmente "numa cidade que está a ser remodelada e modernizada".
Primeiro em part-time, depois a tempo inteiro, Fernando deixou, no ano passado, de ser desenhador projetista em metalomecânica, numa grande empresa, para ser motorista de táxi. "Gosto disto [de ser taxista], por isso é que mudei de vida". E é, precisamente, pela paixão à profissão que não se conforma com o que entende estar mal. "Aqui na estação, os veículos das plataformas [TVDE] acabam por parar num sítio muito mais visível do que a nossa praça", aponta.