As instituições do ensino superior querem uma maior representatividade dos alunos e docentes nas decisões de maior importância, como na eleição dos órgão principais. A presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Maria José Fernandes, afirma que o atual RJIES é "restrito".
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Num encontro realizado esta sexta-feira, na Universidade Portucalense, que teve como objetivo fazer uma reflexão sobre o Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES), um dos assuntos que esteve em cima da mesa foi a falta de representatividade da comunidade académica em decisões de grande importância.
"Naquilo que é a eleição dos órgãos principais, acho que todas as instituições sentem muito a falta de participação da comunidade académica, quer sejam estudantes, quer sejam professores", afirmou a presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Maria José Fernandes, insistindo que o atual modelo do RJIES "não favorece" essa representatividade, sendo "um bocadinho restrito". "O que eu entendo é que deve haver uma maior democratização e uma maior abertura, até porque, muitas vezes, o estudante nem sabe quem é o presidente e quem é o reitor", explica.
Maria José Fernandes sublinha ainda que as instituições trabalham diariamente para que haja um maior envolvimento dos alunos e dos professores, através da promoção de diversas ações e atividades e que "a questão da participação dos elementos externos é fundamental e cada vez mais importante".
Um órgão com representação alargada
Sobre este assunto, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Sousa Pereira, afirmou que é "apologista da criação de um órgão em que houvesse uma representação alargada do corpo docente (dos estudantes, dos investigadores e dos funcionários)" e que esse seria o órgão que "faria a eleição do reitor".
A autonomia das instituições foi outro dos assuntos debatidos e a burocracia existente que põe em causa a capacidade de decisão rápida. "Muitas vezes perde-se uma oportunidade porque não temos capacidade e não temos resposta", explica Maria José Fernandes.
O secretário de Estado no Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, que esteve presente na conferência, referiu que é "muito importante que esta reflexão seja feita dentro das próprias instituições", que se faça um levantamento "de vantagens e desvantagens", para que depois se possa fazer uma "síntese representativa".