António Fontainhas Fernandes avisa: se as universidades quiserem manter "a capacidade instalada", terão de apostar nas "vias profissionalizantes". O presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior afirmou, a título de exemplo, que a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro poderia especializar-se em cursos de Enologia. Mas para que esta especialização se possa concretizar, Fontainhas Fernandes alerta para a necessidade de "criar estratégias de ligação entre instituições e escolas profissionais". Abre-se outra porta: se há politécnicos com os meios necessários, por que não permitir que ministrem doutoramentos, um assunto atualmente em debate no Parlamento.
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O tema esteve em discussão no ISCAP, em Matosinhos, num dos debates do ciclo "Diálogo de futuro com o Ensino Superior". Além de António Fontainhas Fernandes, contou com a participação do presidente do Politécnico do Porto, Paulo Pereira, e do presidente do Conselho Geral, Francisco Assis.
Limitação de vagas
Da plateia ouve-se o relato de Flávio Ferreira, professor na Escola Superior de Hotelaria e Turismo. O setor é "deficiente em recursos humanos qualificados" e "a escola tem capacidade para formar mais pessoas, mas a limitação de vagas não permite". Fontainhas Fernandes não se revê no modelo atual de acesso ao Superior e defende "fileiras formativas". Sobre a revisão do modelo de acesso ao Ensino Superior, indica que o trabalho está a ser feito de forma "muito consciente" e que poderá existir a possibilidade de, se um aluno submeter a sua candidatura a 7 de agosto, saber na semana seguinte em que universidade e que curso entrou.
Aponta outros problemas: "Um aluno não vai à 1.ª fase porque a avó morreu. Vai à 2.ª e só pode concorrer [ao curso que desejava] no ano seguinte". Isto porque, muitas vezes, os lugares ficam todos preenchidos na 1.ª fase, clarificou.
Internacionalização
Fontainhas Fernandes destaca a importância do Superior receber mais alunos internacionais. Ana Gabriela Cabilhas, presidente da Federação Académica do Porto, assistia ao debate e alertou para "as condições" em que esses alunos são recebidos, lembrando a falta de alojamento.
Da Escola Superior de Saúde, Cristina Prudêncio, lamentou a "sobranceria" perante o termo "politécnico" e sugeriu alterar a designação para "universidade politécnica".
Francisco Assis, também presidente do Conselho Económico Social - que aprovou um parecer sobre o enquadramento legal do Ensino Superior do Politécnico -, reconhece que "há um preconceito gravíssimo" das universidades frente aos politécnicos.