Operador da rede e regulador do mercado advertiram para as situações de sobretensão na rede devido à elevada procura.
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A Rede Elétrica espanhola (Redeia) e a Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência (CNMC) alertaram, em 2023, dos riscos para o sistema elétrico que as elevadas tensões sobre a rede pudessem causar um "desacoplamento intempestivo" das instalações com ela conectadas, noticia o El País.
O jornal remete para uma resolução publicada em novembro daquele ano na qual o operador do sistema considerava que os níveis de tensão eram "próximos ou inclusive superiores aos valores admissíveis".
Nessa resolução, apontava-se que o objetivo era criar um grupo de trabalho para fazer ajustes técnicos junto dos grandes consumidores (a chamada indústria eletrointensiva), para controlar a tensão e evitar problemas. A CNMC validou então um projeto-piloto, renovado no início de 2025, para recolher mais dados e que ainda continua com o seu trabalho.
Já a Redeia tinha admitido num relatório anterior, de junho de 2023, que não dispunha de "ferramentas suficientes" para evitar "a desconexão por sobretensão das instalações", lê-se no artigo. Um "desacoplamento" implica desconectar certas tecnologias ou centrais para evitar um colapso como o de 28 de abril, explica a notícia.
No dia do apagão, recorda o jornal espanhol, os especialistas e o presidente do Governo, Pedro Sánchez, explicaram que, à 11.33 horas, 15 gigawatts de geração tinham sido dissociados de repente, o equivalente a 60% da procura naquele momento.
O documento da CNMC do final de 2023 apontava que o risco poderia ir "aumentando" se não fossem tomadas medidas urgentes para o corrigir, refere-se no texto. "O que a Redeia veio dizer no seu relatório é que o sistema elétrico funciona cada vez mais com centrais renováveis (assíncronas) que não dão segurança. Perante a mesma procura, provoca-se sobretensão (fluxo energético superior ao que permite a rede)".
O jornal sintetiza que "essa sobretensão, em última análise, faz com que haja desconexões por segurança" (como nas nossas residências, quando o quadro dispara), salientando que essa "é, precisamente, a tese mais difundida que mantém o consenso de especialistas sobre o que aconteceu no grande apagão de 28 de abril".