Encaminhamento para outros depósitos e compactação são algumas das soluções.
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Os Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos (SGRU) estão a procurar soluções para maximizar os aterros em fim de vida, que passam pela abertura de novas células ou união de células já existentes, utilização de taludes, assentamentos de terreno, compactação ou até encaminhamento de resíduos sólidos urbanos para outros aterros. A situação é “crítica” e pelo menos um esgota a capacidade já este ano.
Dos SGRU que responderam ao JN, o caso da Ambisousa, que trata os resíduos sólidos urbanos da população do Vale do Sousa, é dos mais preocupantes. A empresa admite que os seus aterros “encontram-se em fim de vida útil” e prevê que “a capacidade se esgote durante o ano de 2025”. Para lidar com a situação, a Ambisousa diz que está a “procurar estabelecer protocolos com outros sistemas para encaminhamento dos resíduos urbanos”.
A Resíduos do Nordeste, por sua vez, está a explorar a terceira célula do aterro sanitário de Urjais, em Vila Flor. Durante o primeiro semestre deste ano “entrará em funcionamento a quarta que tem capacidade para cinco anos”, adianta o diretor-geral Paulo Praça. A aposta, à semelhança de outras empresas, passa por reforçar a recolha seletiva para reduzir a deposição em aterro, mas, como “nem todos os resíduos podem ser valorizados terá de existir sempre um destino para a denominada fração resto”, pelo que no “plano estratégico para o ano 2030 encontra-se prevista a construção de uma quinta Célula do Aterro Sanitário de Urjais”, acrescenta.
A Tratolixo, que tem procurado desviar os resíduos urbanos biodegradáveis de aterro, nomeadamente através da central de compostagem de verdes de Trajouce e projeto de recolha seletiva de biorresíduos em saco ótico, conta que tem “apostado cada vez mais na operacionalização eficiente do aterro, visando uma maior compactação e potenciando o seu tempo de vida útil”.
Esgotamento em 2027/28
A Lipor - Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Grande Porto, diz que está a “trilhar o caminho que a levará em breve à meta Zero Aterro”, sendo que, atualmente, apenas “cerca de 1% dos resíduos a seu cargo têm ainda este destino”. A entidade tem um aterro na Maia, “que está no limite da sua capacidade”, mas, como só funciona quando a Central de Valorização Energética está “em momentos de paragem” e há vários projetos de recolha seletiva em perspetiva na região, “não carece de novos aterros”.
O grupo EGF, que reúne 11 SGRU, refere que a “situação de Portugal é crítica no que diz respeito à ocupação de aterros, pelo que é urgente encontrar soluções”. Segundo um estudo elaborado pela 3 Drivers para a EGF e a ESGRA - Associação para a Gestão de Resíduos em 2023, com atualização em 2024, “a deposição em aterro, tal como se pratica hoje, levará ao esgotamento da capacidade existente entre 2027 e 2028”.