Socialistas partem com a maioria absoluta de câmaras. Rui Rio reconhece que autárquicas são vitais, incluindo para o seu futuro na liderança.
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Desde 2001, quando António Guterres pediu a demissão do Governo, devido a um desaire eleitoral, que as autárquicas não tinham uma leitura tão nacional. Se, para o PS, são tranquilas, para os sociais-democratas são "vitais", por porem em causa até a sobrevivência de Rui Rio na liderança. Outros, como os comunistas, procuram não perder mais num domínio histórico. Já no IL, PAN, CDS-PP, BE ou Chega, luta-se por uma rampa para as legislativas.
Os socialistas, que começaram por denunciar a alegada dificuldade do PSD em arranjar candidatos (por exemplo no Porto, em Lisboa ou em Coimbra), são afinal dos que partem mais tarde. "Estamos, agora, em condições de começar a apresentar os nossos candidatos por todo o país", diz o secretário-geral-adjunto, José Luís Carneiro.
Mas o PS tem motivos para evitar correrias. Parte com uma vantagem folgada: mais 61 câmaras do que o PSD, mesmo alinhado com o CDS-PP. Uma coligação renovada, este ano, e que tinha a ambição de chegar a mais concelhos, mas que afinal se deverá ficar pela centena, tal como aconteceu há quatro anos.
O início da inversão
"Temos objetivos concretos e realistas. Pretendemos começar a inverter, agora, a tendência decrescente para, dentro de quatro anos, voltarmos a ser o partido com mais câmaras do país", aponta o secretário-geral do PSD, José Silvano.
A fasquia "laranja" é, assim, baixa para umas eleições que Rui Rio já admitiu serem "vitais" para o PSD. Daí que o líder dos sociais-democratas assuma todas as responsabilidades pelos resultados dos candidatos que escolheu, umas vezes contra opções locais (como em Coimbra), outras por convicção pessoal (como no Porto). Tudo será possível, incluindo a demissão.
À procura da inversão
É que as autárquicas podem funcionar como "rampa" de lançamento para as legislativas, a onda contagiante de que fala o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos. "A prioridade das prioridades é manter as nossas seis câmaras", vinca, contudo, o secretário-geral Francisco Tavares.
Uma meta diferente do BE, que não lidera qualquer autarquioa e ainda escolhe candidatos. "Queremos reforçar a presença no Poder Local", diz Fabian Figueiredo, da coordenação autárquica.
O PAN, segundo a candidata à liderança Inês Sousa Real, aposta tudo em Lisboa e Porto. Já o Iniciativa Liberal acredita que terá melhores condições em concelhos urbanos como Lisboa, Oeiras, Porto, Braga e Setúbal.
A CDU, que divulga todos os candidatos neste mês de junho, tenta inverter a queda de 2017 em distritos como o de Setúbal. O Chega quer ser a terceira força política, apostando forte no Alentejo e Algarve.