A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) abriu um processo de averiguações a uma sondagem divulgada, na quinta-feira, pelo Chega, nas redes sociais e no jornal do partido, o "Folha Nacional", realizada por uma empresa brasileira que não está credenciada para a divulgação de sondagens em Portugal.
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A ERC confirmou a abertura de um processo relacionado com a divulgação da sondagem da Paraná Pesquisas, empresa brasileira de estudos de opinião responsável pela análise de dados, que foram recolhidos pela portuguesa Intercampus.
"A ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social informa que já determinou a abertura de um processo de averiguações para apreciação da matéria em causa e confirma já a receção de uma participação a este respeito", indicou o organismo numa resposta escrita enviada ao JN, depois de a Rádio Renascença ter avançado a notícia, detalhando que o processo "já se encontra em curso".
O diretor da Intercampus, responsável pela recolha de dados em que a sondagem se baseou, disse, à Rádio Renascença, que o estudo de opinião foi realizado com a condição de que não fosse divulgado num meio de comunicação, uma vez que a brasileira Paraná Pesquisas não está credenciada para a realização de sondagens em Portugal. Acontece que, além de ter sido amplamente partilhada nas redes sociais do partido, a sondagem acabou divulgada pelo jornal do Chega, o "Folha Nacional", um meio de comunicação registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social como publicação periódica de conteúdo "doutrinário".
Empresa recebeu 500 mil euros do partido de Bolsonaro
O jornal "Folha de São Paulo" noticiou, em setembro de 2022, antes das eleições presidenciais do Brasil desse ano, que a Paraná Pesquisas recebeu pagamentos no valor de 500 mil euros (2,7 milhões de reais) do Partido Liberal, de Jair Bolsonaro. Na altura, a empresa de estudos de opinião era a única que apontava para um cenário de empate técnico entre Bolsonaro e Lula da Silva.
De acordo com a mesma publicação, a Paraná Pesquisas recebeu 20 transferências bancárias entre janeiro e julho de 2022, além de um contrato de 300 mil euros com o governo federal, assinado em março.