Dezenas de alunos protestaram junto à Associação de Estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (AEFEUP) em solidariedade para com as alunas que, alegadamente, viram imagens de teor íntimo publicadas num grupo de WhatsApp. Presidente e tesoureiro da AEFEUP apresentaram a demisão.
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O protesto aconteceu no exterior do edifício, esta terça-feira ao final da tarde, em simultâneo com o decorrer de uma assembleia-geral extraordinária convocada pela AEFEUP, com o intuito de esclarecer qualquer dúvida relativa ao sucedido e de dar a palavra aos estudantes da faculdade para partilharem a sua perspetiva sobre o caso. No grupo de WhatsApp, criado a 14 de março deste ano, onde foram partilhadas imagens de teor íntimo sem consentimento das vítimas, constavam dez elementos, entre atuais e antigos associativos.
Em declarações ao JN, Sofia Amado, estudante da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, de 23 anos, afirma que a presença no protesto em questão significou um “grito de revolta” e “o fim da impunidade de qualquer tipo de violência sexual”. Já Inês Costa, de 19 anos, estudante da mesma faculdade, espera que a FEUP “tome as devidas providências”, ou seja, “que os estudantes acusados sejam destituídos da Associação” e exige ainda uma “averiguação interna”.
Demissões
Num email dirigido à comunidade estudantil, ao qual o JN teve acesso, a AEFEUP lamentou a situação: “Queremos publicamente pedir desculpa, sobretudo às estudantes afetadas pelos atos inaceitáveis e que condenamos desde o primeiro momento”. A instituição reconheceu “a gravidade dos acontecimentos” referindo que “o sucedido não reflete, de forma alguma, os valores que defendemos, e reiteramos o nosso total compromisso em trabalhar ativamente para que situações desta gravidade nunca se repitam”.
No documento é ainda negado o cariz íntimo do conteúdo partilhado, sob a garantia de que “nenhuma dessas captações corresponde a imagens feitas ‘upskirting’, ou seja, ‘debaixo de saias’ ou ‘debaixo das mesas’”.
No decorrer do processo, o presidente e o tesoureiro foram afastados da Direção da Associação de Estudantes e apresentaram a sua demissão em assembleia-geral. A AEFEUP afirma ter optado por um “plano de ação focado nas vítimas, privilegiando o contacto direto com as mesmas, prestando apoio individualizado e solidário, e respeitando sempre a sua privacidade”.
Pelas 19.30 horas, os participantes do protesto ainda permaneciam nas imediações da sede da Associação de Estudantes, onde ainda decorria a Assembleia Geral Extraordinária.