Alunos, professores e auxiliares concordam que é uma boa medida, a direção afirma que o mais difícil foi convencer os pais.
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Logo que se entra na Escola EB 2,3 e Secundária Arqueólogo Mário Cardoso, na vila de Ponte, concelho de Guimarães, percebe-se que há qualquer coisa no comportamento dos alunos que não corresponde à expectativa. Já não é normal ver um grupo tão grande de crianças e adolescentes, sem que ninguém esteja debruçado sobre o ecrã. Neste estabelecimento de ensino o uso do telemóvel foi banido há seis anos e todos - alunos, professores, auxiliares e pais - estão satisfeitos com a decisão. Na EB 2,3 de Caldas de Vizela, depois da recomendação do Governo para proibir a entrada de “smartphones” nos espaços escolares do 1.º e 2.º ciclo e para a implementação de medidas restritivas no 3.º ciclo, estão a dar os primeiros passos e, numa primeira análise, os resultados são positivos.
Quando, há seis anos atrás, no início do ano letivo, uma mãe chegou à escola e, num grito de pedido de ajuda, virou para cima de uma mesa um saco contendo, lâminas e pontas de x-ato e disse: “Diretor, ajude-me! Estas são as coisas com que a minha filha se corta”. Artur Monteiro, atualmente com 69 anos, 50 a dar aulas, percebeu que tinham chegado a uma situação limite e que era preciso fazer alguma coisa. “Os factos nem tinham acontecido no espaço escolar, foi durante as férias de verão. Mas ia continuar na escola e, além disso, havia todo um conjunto de problemas relacionados com os telemóveis que era preciso erradicar”, recorda. O fenómeno conhecido por “Baleia Azul” ficou, por aqueles dias, tristemente conhecido por a imprensa ter revelado vários casos de adolescentes que eram incitados a cumprirem desafios de automutilação.