Sem restrições aprovadas pela OMS, agências não reembolsam estudantes de cancelamentos. Confederação de Pais defende a suspensão, este ano, das deslocações ao estrangeiro.
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As escolas receberam, na quarta-feira, uma recomendação da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares para ponderarem "a oportunidade e conveniência das visitas de estudo e outras deslocações ao estrangeiro, em particular a países ou zonas com maior incidência de casos de infeção". A um mês das férias da Páscoa, período privilegiado para as viagens de finalistas, a ministra da Saúde assumiu já ter recebido pedidos "sobre se é ou não prudente manter" as viagens. O CDS quer ouvir Marta Temido com urgência, no Parlamento, sobre o plano de contingência.
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À Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) ainda não chegaram pedidos de cancelamento de viagens de finalistas. A maioria dos alunos opta por rumar ao Sul de Espanha ou Andorra, destinos para os quais ainda não foram anunciadas restrições. Ontem, foi confirmado o primeiro caso de coronavírus em Sevilha (Andaluzia).
Nuno Dias, um dos sócios da Slide In, que organiza viagens de finalistas, garante que as agências seguem diariamente as informações da Organização Mundial de Saúde (OMS). As apólices de seguro, explica, garantem assistência médica no estrangeiro "mas as coberturas de cancelamento não se aplicam a esta situação". Ou seja, viagens de finalistas canceladas ontem não seriam reembolsadas.
Cancelamento para Milão e Veneza
"Avaliamos dia a dia, caso a caso", frisou, revelando que ontem "diversas companhias aéreas emitiram comunicados a permitir a alteração da data de viagem, sem penalização, para Milão e Veneza, até 8 de março".
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O presidente da Confederação Nacional de Pais (Confap) considera que, este ano, seria preferível os alunos prescindirem das viagens de finalistas ou mudarem o destino para alojamentos em Portugal. "Não temos de esperar pelo fecho de fronteiras. Se já há grandes eventos cancelados, obviamente temos todos de pensar se vale a pena correr riscos", defende Jorge Ascenção.
"As viagens e visitas podem estar comprometidas", assume Filinto Lima, presidente da Associação de Diretores (ANDAEP), que alerta que também há programa Erasmus no Básico e Secundário para alunos e professores. Em abril, por exemplo, Gaia irá receber cerca de 70 alunos e docentes eslovenos. "É preciso avaliar o evoluir da situação", frisa.
Ao contrário de Marta Temido, que afastava restrições às entradas em Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros não descarta a eventual necessidade de fecho de fronteiras no Espaço Schengen. Desde ontem que os estados-membros da União Europeia vão reunir às quartas-feiras para acompanhar a evolução da epidemia. "O que faz sentido é que a decisão seja articulada", frisa Santos Silva.
A Croácia cancelou todas as viagens escolares nos próximos 30 dias. Há outros casos: por exemplo, a Rússia fechou os cerca de quatro mil quilómetros de fronteira com a China e na Bulgária foram canceladas as ligações entre Sófia e Milão.